O Departamento do Tesouro norte-americano anunciou na quarta-feira (12) a imposição de sanções econômicas a um grupo de indivíduos e a uma empresa acusados de ligação com o programa de defesa da Coreia do Norte. A decisão, que ocorre em meio a uma série de testes de mísseis balísticos por Pyongyang, tem como alvos cinco cidadãos norte-coreanos, um russo e uma companhia sediada na Rússia.
De acordo com o comunicado emitido pelo Tesouro, o objetivo das sanções é “impedir o avanço dos programas de armas de destruição em massa e mísseis balísticos da RPDC (República Popular Democrática da Coreia) e impedir as tentativas de Pyongyang de proliferar tecnologias relacionadas”.
Somente neste início de 2022, a Coreia do Norte informou ter realizado dois testes bem sucedidos com mísseis balísticos, somando seis testes desde setembro de 2021. No mais recente deles, na terça-feira (11), o presidente Kim Jong Un teria supervisionado pessoalmente o que seria o lançamento de míssil hipersônico que, segundo a imprensa estatal norte-coreana, aumentaria muito o “dissuasor de guerra” nuclear do país.
“Os últimos lançamentos de mísseis da RPDC são mais uma evidência de que ela continua avançando em programas proibidos, apesar dos apelos da comunidade internacional por diplomacia e desnuclearização”, disse o subsecretário do Tesouro para Terrorismo e Finanças de Inteligência, Brian E. Nelson.
Um dos cinco cidadãos norte-coreanos sancionados pelo Tesouro vive na Rússia, enquanto os outros quatro vivem na China. Todos são acusados de fornecer dinheiro, bens ou serviços à Segunda Academia de Ciências Naturais da Coreia do Norte (SANS), ligada ao programa de defesa do país. O russo Roman Anatolyevich Alar e a empresa russa Parsek LLC foram listados por “atividades ou transações que contribuíram materialmente para a proliferação de armas de destruição em massa ou seus meios de entrega”.
O Tesouro diz que o governo norte-americano “continua comprometido em buscar o diálogo e a diplomacia com a RPDC, mas continuará a enfrentar a ameaça representada pelos programas de armas ilegais da RPDC para os Estados Unidos e a comunidade internacional”.
As sanções congelam eventuais ativos que os alvos venham a ter nos Estados Unidos, impedindo que cidadãos ou empresas norte-americanos negociem com eles. Mesmo empresas e indivíduos estrangeiros ficam sujeitos a possíveis penalidades caso venham a firmar acordos comerciais com os sancionados.
Por que isso importa?
A movimentação militar de Pyongyang aumenta a tensão na região, já que o país tem encarado a Coreia do Sul e as demais nações ocidentais como “inimigas”. O regime comunista afirma que não há “necessidade de se sentar frente a frente com as autoridades sul-coreanas e não há questões a serem discutidas com eles”. Isso inclui a questão nuclear.
Ao lado de EUA e Japão, os sul-coreanos têm pressionado Pyongyang a evitar a proliferação de armas nucleares e cooperar para manter a paz e a estabilidade na península. As negociações pela desnuclearização do país, porém, estão travadas desde 2019.
A Coreia do Norte quer que os EUA e aliados suspendam as sanções econômicas impostas a seu programa de armas. Até agora, o presidente Kim Jong-un recusou as tentativas de aproximação diplomática do líder norte-americano Joe Biden. A Casa Branca, por sua vez, diz que não fará concessões para que Pyongyang volte às negociações.