Taiwan considera estender proibição do TikTok ao setor privado

Território semiautônomo pode ampliar a proibição do serviço de compartilhamento de vídeo após abolir a instalação e o uso do aplicativo em escritórios do governo e em dispositivos públicos por questões de segurança

Após anunciar que vai restringir o uso da rede social chinesa TikTok em todo o território, proibindo o aplicativo nos dispositivos fixos e móveis do setor público por questões de “segurança nacional”, o governo de Taiwan agora quer estender a medida ao setor privado. As informações são da rede Radio Free Asia

A extensão da proibição começou a ser articulada na semana passada pelo primeiro-ministro taiwanês Su Zhenchang, que instruiu o conselheiro político Luo Bingcheng a formar uma força-tarefa interministerial para propor contramedidas, segundo relatou a mídia local.

Nesta semana, o grupo de autoridades do território semiautônomo tem reunião marcada, quando irá abordar os riscos de segurança apresentados pelas plataformas de mídia social chinesas, bem como discutir a eficácia da legislação da Índia, que baniu o TikTok no país em 2020 sob a justificativa de que o app é “prejudicial à soberania e integridade, defesa e segurança do Estado e da ordem pública”.

Rede social chinesa TikTok virou peça de disputa geopolítica (Foto: Kon Karampelas/Pixabay)

Segundo o porta-voz do gabinete de Taiwan, Lo Ping-cheng, a força-tarefa também colocará na pauta formas de expandir a proibição de aplicativos fabricados na China de maneira apropriada, já que “a questão diz respeito à liberdade de expressão e à liberdade de negócios”.

“Taiwan aprenderá com a Índia, que já havia imposto uma proibição total do TikTok”, disse Lo.

A postura da ilha segue uma decisão tomada nos EUA. Diversos Estados norte-americanos também baniram o TikTok em dispositivos do setor público. Henry McMaster, governador da Carolina do Sul, emitiu uma carta a funcionários do governo advertindo “que o TikTok representa um perigo claro e presente para seus usuários, e uma crescente coalizão bipartidária no Congresso está pressionando para proibir o acesso ao TikTok nos Estados Unidos”.

Em resposta, a popular plataforma de vídeos, desenvolvida pela chinesa ByteDance, tem rechaçado repetidamente as preocupações de segurança, argumentando que são “em grande parte alimentadas por informações erradas sobre nossa empresa”.

Coleta excessiva de dados

Um estudo divulgado em julho deste ano pela Internet 2.0, empresa australiana especializada em cibersegurança, reforçou a desconfiança global em torno do TikTok. De acordo com a análise, o aplicativo chinês é “excessivamente intrusivo” e realiza uma “excessiva” coleta de dados dos usuários.

Internet 2.0 decifrou o código-fonte e identificou como uma série de dados está sendo direcionada sem que o usuário perceba. A análise técnica apontou que o aplicativo verifica a localização do dispositivo pelo menos uma vez por hora e tem acesso contínuo ao calendário e aos contatos. Com isso, informações confidenciais estariam sendo enviadas de volta à China.

“O aplicativo móvel TikTok não prioriza a privacidade”, afirmou o relatório. “Permissões e coleta de informações do dispositivo são excessivamente intrusivas e não são necessárias para o funcionamento do aplicativo”.

Conhecido como Douyin em seu país natal, o TikTok também consegue verificar tanto o ID do dispositivo em que está hospedado quanto o disco rígido, o que permite que ele monitore todos os outros aplicativos instalados no aparelho em que se hospeda, dizem os especialistas australianos.

“Se o usuário negar o acesso, ele continua solicitando até que o usuário permita”, disse o relatório.

Outra questão destacada pela análise técnica é o fato de o servidor do TikTok na China ser administrado por uma das gigantes locais nos serviços de nuvem e segurança cibernética

“Também é digno de nota que o TikTok IOS 25.1.1 (a versão que roda em iPhones) tem uma conexão de servidor com a China continental, que é administrada por uma das cem maiores empresas chinesas de segurança cibernética e dados, a Guizhou Baishan Cloud Technology“, informou o relatório.

A descoberta contraria as alegações do TikTok, que diz armazenar os dados do usuário nos EUA e em Singapura. Além disso, o relatório diz ter encontrado evidências de “muitos subdomínios no aplicativo iOS espalhados pelo mundo”, incluindo Baishan, cidade chinesa na província de Jilin.

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