Em vídeo falsamente atribuído à Al-Qaeda, terroristas ameaçam a Caxemira indiana

Segundo fontes de inteligência, material não é da organização islâmica, e sim de terroristas do Paquistão dispostos a gerar pânico na Índia

Pela segunda vez em uma semana, um vídeo atribuído à Al-Qaeda promete ataques na porção indiana da Caxemira. Intitulado “A Caxemira é nossa”, o material diz que as ações seriam uma resposta a abusos cometidos pelo governo local contra a população muçulmana. Entretanto, segundo a rede indiana News 18, a origem do conteúdo é falsa, e as imagens foram gravadas por terroristas do Paquistão dispostos a gerar pânico na Índia.

Num vídeo anterior, igualmente atribuído ao grupo extremista, a promessa era promover uma vingança no Estado de Assam. Fontes de inteligência relataram, porém, que a Al-Qaeda paquistanesa, a Frente de Resistência (TRF, na sigla em inglês) e outras organizações extremistas citadas nas gravações são grupos fictícios criados pelo Paquistão, e os roteiros dos vídeos teriam sido escritos no país.

“O Paquistão, depois de enfrentar problemas na FATF (órgão internacional que combate a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo) e em outros fóruns, usa falsamente essas organizações”, segundo as fontes.

Fontes de inteligência da Índia alegam que material é falso (Foto: Oneindia/Reprodução de tela)

No mês passado, uma reportagem da imprensa paquistanesa citava que o Taleban planejava agir no turbulento território disputado, reivindicando “o direito de se pronunciar a favor dos muçulmanos em qualquer lugar, inclusive na Caxemira”. No entanto, um porta-voz do grupo afegão, Suhail Shaheen, disse que suas palavras foram “distorcidas”.

“Assim como a Índia está preocupada com os hindus e sikhs afegãos, pensando que há um problema para eles, o mundo muçulmano está muito preocupado com a Caxemira no mesmo contexto”, disse Shaheen, reiterando que o Afeganistão não vai interferir na Caxemira, já que o grupo não tem política de conduzir “operações armadas” contra nenhuma nação.

Shaheen ainda declarou em uma entrevista à rede BBC na última quinta-feira (7): “Vamos levantar nossa voz e dizer que os muçulmanos são seu próprio povo, seus próprios cidadãos e têm direitos iguais sob sua lei. Como muçulmanos, é direito do grupo falar pelos muçulmanos que vivem na Caxemira e em qualquer outro país”.

As declarações de Shaheen vieram após a Al-Qaeda ter pedido à comunidade muçulmana que libertasse outras terras onde há prática do Islã após a tomada de poder no Afeganistão, colocando a Caxemira na lista de alvos da jihad. Nada, porém, relacionado aos vídeos publicados originalmente no Paquistão.

Por que isso importa?

De maioria muçulmana, a Caxemira é disputada por Índia e Paquistão desde que Nova Délhi e Islamabad conquistaram a independência do Reino Unido e se separaram em dois países, em 1947. Desde então, as nações já travaram duas guerras pelo território.

Em 5 de agosto de 2019, o governo da Índia, de orientação nacionalista hindu, retirou os poderes semi-autônomos do Estado, tomando-o sob sua responsabilidade. O primeiro-ministro Naremdra Modi também anulou os direitos especiais hereditários que os nativos tinham sobre a propriedade e o emprego de terra na região.

Aprovadas sem orientação democrática, as leis são motivo de ressentimento do povo da Caxemira. Muitos pedem pela independência do território da Índia ou unificação com o vizinho Paquistão.

A Índia tem mais de 500 mil soldados na Caxemira, uma das zonas mais militarizadas do mundo, desde que uma rebelião eclodiu por lá em 1989. O país acusa o Paquistão de apoiar rebeldes armados que lutam pela independência da Caxemira. Islamabad nega as acusações.

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