O vazamento de gás em uma fábrica de polímeros de uma empresa sul-coreana no sudeste da Índia, no último dia 7, é alerta para que a indústria química cumpra responsabilidades de direitos humanos.
A crítica vem de Baskut Tuncak, especialista independente da ONU (Organização das Nações Unidas) que monitora o assunto. O desastre matou doze pessoas e deixou mais de mil doentes na cidade de Visakhapatnam.
Segundo a polícia local, ouvida pelo jornal britânico The Guardian, o acidente ocorreu na volta ao trabalho após a flexibilização das restrições impostas pelo governo em março.
O vazamento ocorreu em dois tanques de 5 mil toneladas de estireno em sua forma líquida.
A substância é usada para fazer plástico, mas também pode causar câncer, danos neurológicos e prejudicar o sistema reprodutor humano.
Os impactos podem passar despercebidos por anos após a exposição ao composto.
Union Carbide
Não é a primeira vez que a Índia é vítima de um acidente do tipo. Em 1984, quatro mil pessoas morreram após um vazamento de gás em um fábrica norte-americana Union Carbide em Bhopal, região central do país.
Centenas morreram após sequelas tardias. O vazamento em 1984 também teria ocorrido após interrompimento na produção. Nos dois casos, o problema ocorreu durante a noite.
Em 1984, o então presidente da empresa, um cidadão norte-americano, se recusou a voltar à Índia para enfrentar as acusações.
A Union Carbide pagou apenas US$ 470 milhões ao governo indiano, em um acordo extrajudicial. Em 2010, oito indianos foram condenados a dois anos de prisão no caso.