Violência policial encerra protesto na China após congelamento de contas

Crise bancária deixou milhares de cidadãos da China rural sem acesso ao dinheiro por meses, gerando manifestações

A polícia de Zhengzhou, capital da província de Henan, na China, coordenou no fim de semana uma violenta operação para controlar uma multidão de manifestantes insatisfeitos com o congelamento de saques bancários na região. As informações são da rede Radio Free Asia.

Um vídeo publicado no Twitter mostra centenas de policiais dispersando violentamente cerca de 3 mil clientes do Banco Popular da China, que estavam aglomerados em frente a uma agência desde a madrugada de domingo (10).

Desde abril, quatro bancos rurais da província congelaram o equivalente a milhões de dólares de depósitos, colocando centenas de milhares de chineses contra a parede numa atmosfera econômica fragilizada pelas barreiras sanitárias da política de Covid Zero.

As imagens mostram manifestantes gritando “devolva meu dinheiro!” e exigindo ao regulador financeiro do Partido Comunista Chinês (PCC), Qin Hanfeng, para que fosse à rua dar explicações.

“A polícia chamou um grupo de civis para espancar as pessoas até ficarem cobertas de sangue”, relatou uma testemunha à reportagem nesta segunda-feira (11). “Foi horrível. Vi um grupo de homens espancando uma mulher que estava sangrando no olho”.

Os manifestantes ergueram cartazes e faixas, exigindo o direito de retirar seus fundos de agências locais de bancos rurais. O protesto, que passa longe da cobertura da mídia estatal, está entre as maiores desde o início da pandemia.

“Todos trabalharam duro e economizaram muito dinheiro, mas acabaram entregando a um covil de ladrões”, acrescentou a testemunha.

Protesto contra banco na China em julho de 2022 (Foto: Twitter/Reprodução)

Pelo menos 413 mil pessoas ficaram impossibilitadas de ter acesso ao seu dinheiro pelo congelamento dos saques decretado após autoridades terem anunciado uma investigação policial maciça sobre o empresário Lu Yi e seu Henan New Fortune Group.

Agora, autoridades do Departamento de Segurança Pública de Xuchang em Henan alegam que a investigação está “progredindo de maneira ordenada”, segundo o jornal South China Morning Post.

“Agora está confirmado que, desde 2011, uma gangue criminosa liderada pelo suspeito do crime Lu Yi usou o Grupo Henan Xincaifu para controlar efetivamente vários bancos rurais, por meio de participação cruzada, aumento de capital e ações e manipulação de bancos executivos, entre outros meios”, disse a polícia de Xuchang em comunicado no domingo.

Em resposta aos eventos do fim de semana, o Henan Banking and Insurance Regulatory Bureau e o Henan Provincial Local Financial Regulatory Bureau emitiram um comunicado nesta segunda (11) informando que alguns clientes do banco receberiam pagamentos antecipados a partir da próxima sexta-feira (15).

Já o Shangcai Huimin Rural Bank, o Zhecheng Huanghuai Rural Bank e o Kaifeng New Oriental Rural Bank anunciaram que irão emitir pagamentos para clientes com valores combinados de contas inferiores a 50 mil yuans (US$ 7,5 mil), enquanto aqueles com poupanças acima desse valor serão pagos posteriormente.

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