Em uma ligação telefônica realizada na segunda-feira (24), o presidente chinês Xi Jinping afirmou ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, que China e Rússia “não podem ser afastadas”, destacando a solidez da parceria entre os dois países. O contato ocorreu no mesmo dia em que a Ucrânia marcou o terceiro aniversário da invasão russa e reflete a intenção de Beijing de manter laços estreitos com Moscou, mesmo diante de um possível reaquecimento das relações entre Washington e o Kremlin. As informações são da CNN.
A comunicação entre os líderes acontece em um contexto de reconfiguração geopolítica. Nas últimas semanas, a administração do presidente dos EUA, Donald Trump, demonstrou esforços para uma reaproximação com Putin, como parte de sua estratégia para encerrar o conflito na Ucrânia. O Kremlin confirmou que a ligação foi solicitada por Putin e a classificou como “calorosa e amigável”, enfatizando que a aliança russo-chinesa permanece estável e não está sujeita a interferências externas.

A movimentação de Trump tem gerado incertezas sobre a dinâmica das relações internacionais. Altos funcionários do governo americano reuniram-se recentemente com representantes russos na Arábia Saudita e indicaram que poderiam considerar algumas das principais demandas de Moscou, o que gerou apreensão entre aliados europeus e ucranianos.
Além disso, Trump tem adotado uma retórica alinhada ao Kremlin em relação ao conflito, direcionando críticas ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O ex-presidente americano também mencionou a possibilidade de que Estados Unidos, Rússia e China reduzam seus gastos militares em 50%, proposta que Putin indicou estar disposto a discutir.
O apoio chinês à Rússia desde o início da invasão em 2022 tem sido alvo de críticas do Ocidente. A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) acusa Beijing de fornecer à indústria militar russa produtos de uso dual – que podem ter aplicação tanto civil quanto militar –, o que a China nega, classificando o comércio com Moscou como “normal”.
Beijing mantém posição estratégica
Durante a ligação, Xi reiterou que as estratégias de desenvolvimento e política externa da China e da Rússia são planejadas para o longo prazo e não serão influenciadas por “nenhuma terceira parte”. Ele também expressou apoio às negociações entre Rússia e Estados Unidos, mas reforçou a importância de um diálogo que envolva todos os atores relevantes.
A posição chinesa já havia sido demonstrada anteriormente pelo ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, que, em uma conferência de segurança em Munique, enfatizou que todas as partes interessadas deveriam participar das tratativas de paz. No entanto, esse posicionamento não foi reiterado em sua fala mais recente durante a reunião de ministros do G20, onde Wang se reuniu com seu homólogo russo, Sergey Lavrov, e os dois elogiaram a crescente cooperação bilateral.
A guerra na Ucrânia continua sem perspectiva clara de resolução, com milhares de mortos e milhões de deslocados desde a invasão russa. Enquanto a política externa dos Estados Unidos segue um novo rumo, China e Rússia demonstram que sua parceria permanece intacta, sinalizando um tabuleiro geopolítico em transformação.