Deputado questiona governo brasileiro sobre veto a blindados de Israel e aumento das importações da Rússia

Nikolas Ferreira contesta suspensão da compra de blindados israelenses e ampliação do comércio com Moscou em meio à guerra

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) apresentou, no início de fevereiro, um requerimento de informações ao ministro da Defesa do Brasil, José Múcio, cobrando esclarecimentos sobre o adiamento, por tempo indeterminado, da licitação para a aquisição de 36 obuseiros autopropulsados ATMOS 2000, que são fabricados pela israelense Elbit Systems e seriam entregues ao Exército Brasileiro. O governo federal suspendeu a compra sob o argumento de controlar as negociações com um país em guerra, referindo-se ao conflito entre Israel e Hamas em Gaza.

O parlamentar argumenta que essa decisão contrasta com a postura do Brasil em relação à Rússia, que segue como um dos principais parceiros comerciais do país. Segundo levantamento do jornal Gazeta do Povo, com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as importações brasileiras de produtos russos cresceram cerca de 75% entre 2021 e 2023, mesmo após o início da guerra na Ucrânia.

“Qual critério objetivo o governo utiliza para definir quando um país em conflito deve ser alvo de restrições comerciais?”, questiona Ferreira no requerimento. “O governo considera adotar restrições comerciais à Rússia, como ocorreu com Israel? Se não, qual a justificativa para essa diferença de tratamento?”, acrescenta.

Obuseiro ATMOS fabricado pela Elbit Systems (Foto: divulgação)

A suspensão da aquisição dos obuseiros ocorreu após críticas de setores do governo à atuação militar israelense na Faixa de Gaza. Desde outubro de 2023, quando a guerra entre Israel e o grupo Hamas teve início, o Brasil tem adotado uma postura crítica à ofensiva do Estado judeu, inclusive defendendo a investigação de possíveis crimes de guerra em instâncias internacionais.

Já no caso da Rússia, o governo brasileiro manteve uma posição de neutralidade em relação à guerra. O comércio entre os dois países cresceu nos últimos anos impulsionado principalmente pela compra de fertilizantes russos pelo agronegócio brasileiro. Belarus, cujo presidente Alexander Lukashenko é aliado do russo Vladimir Putin, é outro importante fornecedor brasileiros desses insumos.

O requerimento de Ferreira ainda precisa ser respondido pelo Ministério da Defesa, que tem prazo de 30 dias para prestar esclarecimentos à Câmara dos Deputados. Caso não haja resposta dentro desse período, o governo poderá ser convocado a dar explicações em audiência pública.

Empresa eslovaca desponta como alternativa

Após a suspensão da compra dos modelos da israelense Elbit Systems, a Eslováquia surgiu como possível fornecedora dos obuseiros ao Exército Brasileiro. O Brasil já mantém relações comerciais com o país europeu no setor de defesa, assinando em dezembro de 2024 um memorando que pode resultar na venda de quatro aeronaves de transporte Embraer C-390 Millennium para as Forças Armadas eslovacas.

A aproximação com a Eslováquia, integrante da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), teve reuniões entre Múcio e seu homólogo eslovaco, Robert Kalinak. Nos encontros, a nação europeia destacou o interesse em oferecer ao Brasil os obuseiros autopropulsados, que são veículos terrestres equipados com armas de disparo considerados uma artilharia de grande mobilidade. Os modelos são produzidos pela Konstrukta Defence.

Tags: