Na próxima quarta (15), a OMC (Organização Mundial do Comércio) pode anunciar seu sétimo diretor-geral. O nome substituirá o brasileiro Roberto Azevêdo, que deixa o cargo em 31 de agosto.
Caberá aos 164 membros da organização, que teve papel tímido durante a pandemia do novo coronavírus, escolher entre os oito candidatos.
A chegada do novo diretor coincide com a maior crise da história do órgão. Seu desafio é colocar em movimento uma organização que nos últimos anos perdeu protagonismo na mediação de conflitos comerciais entre as nações.
O contexto é o pior possível, já que, além da pandemia, há uma rejeição crescente aos métodos propostos pelas entidades multilaterais. Entre os exemplo, há o Brexit e a disputa comercial entre os EUA e a China, ambos sem mediação da entidade.
Para conduzir a OMC nesse “rebranding”, jargão publicitário para estratégia de reconstrução da imagem pública de uma marca, há oito candidatos. Conheça cada um deles:
Jesus Seade Kuri
Representante latino-americano da disputa, Kuri é mexicano e conhece bem a OMC. Foi o negociador-chefe de seu país durante a transformação do antigo GATT para a atual estrutura, finalizada em 1994.
Foi vice-diretor-geral da organização e economista-chefe do Banco Mundial. Sua função mais recente foi a de liderar as negociações do acordo de livre-comércio entre o México, os EUA e o Canadá, que substituiu o antigo Nafta e entrou em vigor há uma semana.
Ngozi Okonjo-Iweala
A economista passou por altos cargos no Banco Mundial e foi ministra das Finanças de sua Nigéria natal por duas vezes, além de um mandato chefiando o Ministério das Relações Exteriores.
Como aconteceu na eleição do Conselho de Segurança deste ano, pode enfrentar oposição de outras nações africanas – há mais uma candidata da África, a queniana Amina Mohamed.
Mohammad Maziad Al-Tuwaijri
O saudita foi ministro da Economia e Planejamento de seu país entre 2016 e 2020. Fez carreira no setor bancário, onde passou por instituições financeiras como HSBC e JP Morgan.
Indicado pela Arábia Saudita, pode enfrentar oposição por conta do bloqueio saudita sob o Catar e pelas violações aos direitos humanos contra o Iêmen.
Tudor Ulianovschi
Da Moldávia, no leste europeu, vem o mais jovem entre os candidatos. Ulianovschi tem 37 anos e já foi ministro das Reações Exteriores, liderou a equipe de diplomatas de seu país em Genebra e foi o representante permanente moldavo na OMC.
Abdel-Hamid Mamdouh
O egípcio tem longa experiência em comércio internacional. Advogado que hoje atua no setor privado em Genebra, na Suíça, Mamdouh passou 24 anos no secretariado da OMC.
Antes, passou quase uma década no GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), antecessor da organização atual. Nunca foi ministro no Egito.
Yoo Myung-hee
A sul-coreana tem vasta experiência na negociação de acordos de livre-comércio. Foi a chefe de equipes que forjaram os acordos bilaterais de Seul com a China, o Reino Unido e os EUA.
O Japão, com quem a Coreia do Sul tem uma questão mal resolvida na área do comércio, pode se opor à candidatura.
Liam Fox
Escocês, é filiado ao Partido Conservador e favorável à saída do Reino Unido da União Europeia. Paradoxalmente, tem se posicionado como um defensor do livre comércio multilateral.
Se escolhido, seria o terceiro europeu à frente da OMC. Porém, terá de passar pelo crivo chinês após suas críticas às políticas de Beijing na pandemia.
Amina Chawahir Mohamed Jibril
A outra representante do continente africano é queniana e foi ministra do Comércio de seu país. Conhece bem a OMC, já que também serviu como embaixadora do Quênia na entidade.
Liderou a 10ª conferência ministerial do órgão. A oposição ao nome de Mohamed pode surgir dos defensores da outra candidata que representa a África, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala.