O Brasil não esteve presente em uma reunião desta quinta (28) entre 50 países e entidades internacionais que discutiu uma estratégia de recuperação sustentável do mundo após a pandemia do novo coronavírus. A informação é do colunista do UOL Jamil Chade.
Entre os presentes no evento virtual, liderado pelos premiês canadense, Justin Trudeau, e jamaicano, Andrew Holness, estiveram nações como França, Alemanha, Reino Unido, Japão, Argentina, Haiti, Costa Rica e Colômbia — todos representados pelos chefes de Estado ou governo, conforme critério para participação.
Assim como os brasileiros, ficaram de fora do “Evento de Alto Nível sobre Financiamento para o Desenvolvimento na Era do Covid-19“, os norte-americanos, segundo o colunista. Os EUA foram convidados, mas não quiseram participar.
As nações estão divididas em seis grupos de trabalho, sobre diferentes assuntos relacionados à crise, para avaliar e negociar medidas concretas.
As propostas sobre financiamento de países desenvolvidos, suspensão de dívidas, clima e reconstrução pós-pandemia serão apresentadas em julho.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, se dirigiu aos líderes que não estão levando a sério a pandemia do coronavírus. Para o português, “recusar a gravidade é arrogância”.
Posicionamento
Desde o início da pandemia, 60 milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza e a fome atingiu proporções históricas. Cerca de 1,6 bilhão de pessoas ficaram sem meios de subsistência e US$ 8,5 trilhões foram perdidos na produção global. Os dados foram compilados pela ONU.
Durante a reunião virtual, Trudeau afirmou que a pandemia é “um lembrete gritante” de como o mundo está interconectado. Para o premiê canadense, o momento requer um plano global coordenado, que facilite a recuperação das economias em todo o mundo.
Há duas semanas, em outra reunião da ONU, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, pediu para que o termo “multilateralismo” parasse de ser usado por acreditar que palavras terminadas com “ismo” estariam ligadas a uma ideologia.
Araújo aposta em uma ordem internacional com cinco ou seis países que redesenharia o mundo pós-pandemia. No entanto, não haveria um espaço para a ONU neste modelo, de acordo com a coluna.
No-show
A ausência na reunião desta quinta não foi a primeira do Brasil. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro também não participou da Assembleia Mundial da Saúde.
Já em abril, o governo ficou de fora de uma aliança internacional para o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19. O governo brasileiro busca uma maneira de fazer parte da iniciativa.