Disseminação do coronavírus alimenta corrupção na América Latina

Funcionários públicos de diversos países são acusados de crimes como o superfaturamento de equipamentos médicos

Com o aumento de casos do Covid-19, crescem as denúncias de fraude.

Em toda a América Latina, funcionários dos governos foram forçados a se demitir após relatos de compras fraudulentas de ventiladores, máscaras de proteção e outros suprimentos. As informações são da agência de notícias Associated Press.

Os roubos são impulsionados pelo aumento no preço dos produtos pelos fabricantes e pela chance de lucro de alguns agentes ligados aos governos.

Na Colômbia, 14 dos 32 governadores estão sob investigação por crimes que vão desde o desvio de fundos até a concessão ilegal de contratos. Em Buenos Aires, na Argentina, promotores investigam a compra de 15 mil máscaras cirúrgicas vencidas por um preço dez vezes maior que o da tabela.

Já o ministro da Saúde da Bolívia foi preso diante da acusação de que 170 ventiladores teriam sido comprados por quase US$ 28 mil cada. No entanto, o fabricante alega que a unidade foi vendida aos distribuidores por apenas US$ 6,5 mil. As máquinas ainda seriam inadequadas para cuidados a longo prazo.

Disseminação do coronavírus alimenta corrupção na América Latina
Respiradores para tratamento de pacientes com coronavírus em hospital no Pará (Foto: Marco Santos/Ag. Pará)

No Panamá, um dos principais assessores do presidente Laurentino Cortizo se demitiu após acusações de superfaturamento na compra de 100 ventiladores. Cada um sairia a US$ 50 mil. O vice-presidente também está sob pressão para renunciar.

Também no Brasil

Na terça (26), a polícia do Rio de Janeiro cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do governador do estado, Wilson Witzel, e em outros dez endereços por sobre um suposto desvio milionário de fundos públicos destinados à construção de hospitais de campanha.

Crítico do presidente Jair Bolsonaro, Witzel negou qualquer ato ilícito e acusou o chefe de Estado brasileiro de ordenar a operação. Para Witzel, seria uma retribuição por sua alegação de que Bolsonaro prejudica as medidas estaduais de combate ao vírus.

O especialista em transparência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) Roberto Michele estima que, em condições normais, de 10% a 25% do gasto global com saúde se perca para atos de corrupção, o que representaria centenas de bilhões de dólares por ano.

Os países da América Latina estão constantemente no ranking das nações mais corruptas. A última pesquisa da Transparência Internacional aponta que mais da metade dos habitantes da região acham que a corrupção está piorando. Além disso, um em cada cinco admitem ter pago suborno a funcionários públicos no ano passado.

Tags: