Iêmen não sobrevive a duas crises, afirma enviado especial da ONU

Devastado por guerra civil, país árabe tem infraestrutura precária e tende a sofrer mais com a pandemia

O Iêmen não tem infraestrutura para combater ao mesmo tempo a guerra e a pandemia do novo coronavírus, alertou Martin Griffiths, enviado especial da ONU (Organização das Nações Unidas) ao país, durante uma reunião do Conselho de Segurança nesta quinta (16).

Mergulhado em grave guerra civil desde 2015, o Iêmen é um dos países mais pobres do mundo árabe e quase 80% da população depende de ajuda humanitária. “A chegada do Covid-19 ao país ameaça trazer mais sofrimento à população”, disse o enviado especial da ONU.

Griffiths destacou que é essencial que os envolvidos se comprometam a acabar com o conflito na região. “A nova batalha que o Iêmen precisa enfrentar contra o vírus exigirá todos os esforços. Nós temos que parar a guerra e voltar nossas atenções para essa nova ameaça”, afirmou.

O país árabe tende a sofrer mais com a pandemia. “Especialistas alertam que o Covid-19 deve se espalhar pelo Iêmen com mais rapidez, mais amplamente e com consequências mais graves que em outros países”, afirma Mark Lowcock, coordenador humanitário da ONU.

Iêmen não tem infraestrutura para combater guerra e coronavírus ao mesmo tempo, diz ONU (Foto: Al Mekhlafi/UN Photo)

Cessar-fogo

O governo do Iêmen declarou no último dia 8 um cessar-fogo pelo período de duas semanas, após apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres. A ONU busca ainda a adoção de outras medidas como pagamento de salário de funcionários públicos, liberação de estradas para acesso humanitário, e soltura de presos.

Apesar dos esforços, os conflitos continuam no país. O número de mortes de civis cresce todos os meses desde janeiro. Mais de 500 pessoas morreram ou foram feridas durante esse período e um terço desse total é de crianças.

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