Japão lança plano para reabertura total da economia até agosto

Restrições de viagem e a grandes eventos serão aliviadas a cada três semanas; premiê enfrenta baixa aprovação

O Japão divulgou nesta segunda (25) um plano de reabertura da economia, após o governo encerrar o estado de emergência. A previsão é que as restrições impostas para frear o novo coronavírus no país sejam suspensas totalmente até agosto. As informações são do Kyodo News.

As restrições de viagem doméstica e a grandes eventos, assim o uso de instalações propensas a infecções em massa, serão gradualmente aliviadas a cada três semanas. Será feita uma avaliação sistemática da situação do país.

O governo também pedirá que organizadores de festivais mantenham as suspensões até agosto, quando poderão ser realizados, desde que os participantes consigam seguir medidas de distanciamento social.

Eventos esportivos serão permitidos a partir de 19 de junho, com portas fechadas. A entrada do público e o aumento do número de pessoas reunidas nesses eventos serão permitidos em fases, de acordo com a capacidade dos organizadores. Até agosto, continua a regra que limita o público a menos da metade da capacidade do local.

Japão lança plano para reabertura total da economia até agosto
Primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, em discurso na ONU (Foto: Cia Pak/UN Photo)

Opinião pública

Até esta segunda, o Japão registrou 16,5 mil casos confirmados de Covid-19 e 830 mortes. O número de óbitos é menor que o registrado em um único dia na cidade de Nova York, nos Estados Unidos, durante o pico do surto.

Em números relativos à população, o país está ao lado da Coreia do Sul. O governo de Seul tem sido elogiado por suas medidas de combate à pandemia, de acordo com a revista inglesa The Economist. Entre elas, testagem em massa e rastreamento das pessoas que tiveram contato com infectados.

Apesar dos números, a população não está satisfeita. O primeiro-ministro Shinzo Abe figura entre os líderes mundiais que tiveram queda no índice de aprovação – entre eles, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

Pesquisas mostram que mais da metade da população japonesa desaprova as medidas do governo japonês. Baixa testagem, falta de equipamentos de proteção para profissionais da saúde e hesitação ao impor um estado de emergência no país são algumas das justificativas.

O plano de enviar duas máscaras de pano para cada casa japonesa, pelo custo de US$ 436 milhões, gerou revolta. Muitos receberam máscaras sujas, defeituosas ou muito pequenas. Outras regiões sequer chegaram a receber os equipamentos de proteção.

Benefícios paralisados

As medidas de estímulo econômico do governo também têm sido alvo de críticas. Abe recuou do plano inicial de dar cerca de US$ 2,7 mil para cada família em situação vulnerável, e diminuiu o valor para cerca de US$ 930. Até agora, o governo não conseguiu transferir o benefício.

Os empréstimos de apoio às empresas são cercados de burocracia. Mais de 285 mil empresas pediram subsídios para pagar a licença de funcionários, mas 1,9% conseguiu o recurso.

Em meio à pandemia, Abe tentou aumentar a idade da aposentadoria de promotores. O plano, controverso, é visto como uma forma de manter aliados. Diante da pressão pública, o primeiro-ministro do Japão recuou.

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