A OMS (Organização Mundial da Saúde) alertou nesta quarta (6) para os riscos que podem ser causados pelo fim precipitado das medidas de isolamento social.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que é grande a possibilidade retorno ao isolamento se os governos não tomarem cuidado com as medidas de flexibilização.
Ghebreyesus listou seis critérios que precisam ser cumpridos antes de liberar as medidas. A primeira é de que os casos estejam em declínio e com transmissão controlada. Os sistemas de saúde devem estar capacitados para detectar e isolar casos, além de rastrear cada contato.
Em terceiro lugar, os governos devem ser capazes de minimizar risco de surtos em locais como instalações de saúde e lares para idosos. É preciso ainda adotar medidas de prevenção em locais de trabalho, escolas e outros lugares.
Em quinto lugar, a OMS recomenda o controle de riscos de importação de novos casos. Por último, a população precisa ser informada e estimulada a se adaptar às novas recomendações.
“Apesar de os números de casos estarem diminuindo na Europa Ocidental, mais confirmações estão sendo registradas todos os dias na Europa Oriental, África, Sudeste Asiático, leste do Mediterrâneo e nas Américas”, explicou o diretor-geral da OMS.
Américas
A diretora da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), Carissa F. Etienne, fez um apelo para os países das Américas em relação as flexibilizações do isolamento social. Medidas intempestivas podem acelerar a propagação do vírus e aumentar dramaticamente os casos no continente.
Etienne chamou atenção para regiões em que o número de casos dobra em poucos dias: Brasil, Equador, Chile, México, Estados Unidos, Canadá e Peru. Esses locais deveriam adotar todas as medidas de saúde pública possíveis, como rastreamento de contato e mais testes, segundo a organização.
“Nem todas as comunidades são afetadas da mesma forma e a capacidade dos sistemas de saúde também é muito diversa. Com base nas evidências e nas orientações da OMS e da Opas, cada país deve ajustar sua abordagem ao que está acontecendo em nível de distrito, cidade ou estado”, ressaltou Etienne.
A situação no Haiti também causa preocupação ao organismo. “É necessária uma coalizão muito mais ampla para enfrentar uma potencial crise de saúde neste país”, afirmou a diretora da Opas.
Apesar de o país ter registrado apenas 100 casos da doença, 17 mil haitianos retornaram ao Haiti recentemente da República Dominicana, onde há transmissão comunitária do vírus.
“Existem poucos leitos para o tratamento de COVID-19 [no Haiti], número insuficiente de profissionais de saúde e de equipamentos de proteção individual”, lembrou Etienne.