O Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) fez nesta quinta (7) um apelo por US$ 6,7 bilhões para evitar efeitos mais graves causados pela pandemia do novo coronavírus. O chefe do Acnur, Mark Lowcock, pediu ainda um plano global atualizado para combater o vírus em países mais frágeis.
Nesses locais, o pico da crise do Covid-19 é esperado para o período entre os próximos três e seis meses. Já há evidências na queda de renda, desemprego e aumento no preço dos alimentos. Também há interrupções no fornecimento desses insumos e falta de vacinação e refeições para crianças.
A ONU estima que o valor necessário para assistir 10% dos grupos mais vulneráveis em todo o mundo seja US$ 90 bilhões. A cifra é equivalente a 1% do pacote de estímulo desenvolvido por países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e do G20.
Diante da situação, o Plano Global de Resposta Humanitária teve um acréscimo de mais nove países considerados vulneráveis. Benin, Djibuti, Libéria, Moçambique, Paquistão, Filipinas, Serra Leoa, Togo e Zimbábue agora integram a lista.
O plano foi lançado no dia 25 de março, pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. Originalmente, incluía 24 países, como Burkina Faso, Haiti, Iraque, Iêmen, Venezuela e Ucrânia.
“A epidemia atinge a todos, mas os efeitos mais devastadores ocorrerão nos países mais pobres, onde já podemos ver as economias contraindo, com o desaparecimento das exportações, turismo e remessas”, afirmou Mark Lowcock.
No apelo por financiamento, o chefe do Acnur destacou que, se não houver proteção agora, os efeitos colaterais da pandemia existirão por anos e sairão ainda mais caro para todos os países.
Transmissão e saúde
O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, também pediu apoio. “O número de casos nos países apoiados pelo plano podem parecer pequeno, mas sabemos que o monitoramento, testes em laboratórios e a capacidade do sistema de saúde desses locais são fracos. Portanto, é provável que haja transmissão comunitária não detectada”, afirmou.
Desde que foi lançado, o programa já arrecadou US$ 1 bilhão com doadores. Esse total inclui US$ 166 milhões de um fundo do OCHA (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários), US$ 95 milhões do Fundo Central de Resposta de Emergência da ONU e US$ 71 milhões de fundos conjuntos entre países.
A quantia possibilitou a instalação de estações de higienização em locais vulneráveis, como campos de refugiados. Também houve distribuição de máscaras de proteção, luvas e kits de testes para coronavírus.
Foram criados também novos centros de transporte a partir dos quais os suprimentos podem ser transportados por via aérea. Mais de 1,7 milhão de funcionários, incluindo profissionais de saúde, foram treinados para identificar e adotar medidas de proteção contra o vírus.