Russos reclamam de multas injustas em app de rastreamento de Covid-19

Aplicativo é obrigatório para moscovitas diagnosticados com a doença ou suspeitos de terem sido infectados

Moradores de Moscou, na Rússia, reclamam de multas injustas pelo aplicativo de rastreamento do novo coronavírus, cujo uso foi imposto pelo governo da cidade. As informações são da agência de notícias Associated Press.

Em pouco mais de um mês, as autoridades emitiram cerca de 54 mil multas, totalizando US$ 3 milhões. O aplicativo, que pede uma foto para que o usuário prove que está em casa, tem cerca de 70 mil pessoas registradas. Cada multa custa US$ 56.

No entanto, há quem aponte que o sistema impede o envio das fotos ao governo, para comprovação. Algumas pessoas apontam que fotos foram exigidas de madrugada e que multas foram cobradas mesmo assim.

Por este motivo, 468 multas teriam sido canceladas. Mas as autoridades de Moscou negam erro na emissão das multas e apontam que elas foram emitidas para todos aqueles repetidamente violaram a quarentena.

Russos reclamam de multas injustas em app de rastreamento de Covid-19
Manifestantes foram às ruas contra medidas de isolamento social na Rússia (Foto: Wikimedia Commons)

Uso obrigatório

Em abril, Moscou determinou o uso obrigatório do aplicativo de rastreamento entre as pessoas diagnosticadas ou com suspeita de infecção pelo vírus.

Pacientes tiveram que assinar um formulário, confirmando o uso da plataforma como uma notificação de cumprimento da quarentena. No entanto, usuários alegam que não foram informados de como o app funciona ou que seriam multados caso descumprissem as medidas.

Outro usuário ouvido pela Associated Press conta que foi multado antes mesmo de receber alta do hospital, apesar de o aplicativo ainda não ter sido instalado à época.

Até o fim de maio, as autoridades receberam 2,5 mil reclamações contra as multas consideradas injustas pelos usuários. Mais de 200 ações judiciais foram movidas. Na internet, petições pedem o fim do aplicativo e já contabilizam mais de 94 mil assinaturas.

Entidades de direitos humanos contestam o uso da plataforma, alegando que o governo de Moscou está violando a privacidade dos usuários ao acessar localização, ligações, câmera e outros dados fornecidos pelos celulares.

Tecnologia e reclamações

A capital russa é o maior centro da epidemia do coronavírus no país. Em Moscou, foram registrados quase metade dos mais de 414 mil casos confirmados na Rússia. O uso da tecnologia foi adotado diante da dificuldade em conter o surto.

Após dois casos confirmados em fevereiro, o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, autorizou o uso de um software de reconhecimento facial para detectar cidadãos chineses na capital, o que gerou críticas.

Em abril, a cidade introduziu o uso de passes digitais para passageiros do transporte público. O passe gerou aglomeração nas estações de metrô, já que policiais checavam os passes nos celulares de cada passageiro que passava pelo local.

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