Surto na China não gerou novas variantes da Covid, diz revista científica

Pesquisadores investigaram mais de 400 novos casos em Beijing no período de 14 de novembro a 20 de dezembro

A previsão de que o fim da rígida política “Zero Covid” na China poderia trazer novas variantes de coronavírus como consequência parece não ter vingado. Pelo menos não ainda, de acordo com o que disse na quarta-feira (8) uma prestigiada revista científica. As informações são do site Politico.

Um estudo publicado na The Lancet apontou que não foram registradas novas variantes da Covid-19 no país desde que o governo decretou em dezembro o fim das barreiras sanitárias, que deixaram milhões de cidadãos trancados em casa durante períodos longos e empresas impedidas de funcionar. Mesmo que o descontinuidade da política draconiana tenha causado uma explosão de casos e mortes que não foram notificadas pela Comissão Nacional de Saúde.

A análise, feita por pesquisadores na China, investigou mais de 400 novos casos em Beijing no período de 14 de novembro e 20 de dezembro, apontou que mais de 90% dos casos eram das subvariantes Ômicron BA.5.2 e BF.7.

Situação saiu de controle na China após afrouxamento das rígidas medidas sanitárias no começo deste mês, mas não repercutiu em novas variantes, disseram pesquisadores (Foto: WikiCommons)

Tais variantes são semelhantes às que circularam na Europa durante o outono passado, antes do aumento de casos na China, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, da sigla em inglês), e não há evidências de que representem um risco maior em comparação com as que circulam no continente atualmente. 

O mundo deveria “se acalmar” sobre a possibilidade de novas variantes do Covid-19 circularem na China, disse um artigo coassinado pelo principal cientista chinês George Gao na publicação. 

“Nossa análise sugere que duas subvariantes de ômicrons conhecidas , em vez de novas variantes, foram as principais responsáveis ​​pelo atual aumento em Beijing e provavelmente na China como um todo”, disse Gao, virologista do Instituto de Microbiologia da Universidade a Academia Chinesa de Ciências.

Wolfgang Preiser e Tongai Maponga, virologistas da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, que não estiveram envolvidos na pesquisa, alertaram que ela cobriu apenas algumas semanas depois que a China suspendeu suas medidas de “Zero Covid”.

“Se novas linhagens surgiram durante o surto, o estudo provavelmente foi muito cedo para encontrá-las”, disseram eles no artigo da Lancet.

Porém, eles acrescentaram que, em outras regiões da China, outras dinâmicas evolutivas podem se desenrolar. “Possivelmente incluindo espécies animais que podem ser infectadas por seres humanos e espalhar um vírus ainda mais evoluído”, disseram.

Nesse cenário, o governo chinês também reduziu drasticamente seus testes. Para a dupla de pesquisadores, isso pode afetar “potencialmente os resultados, que cobrem apenas Beijing e não todo o país, acrescentaram.

O afrouxamento das políticas sanitárias chinesas no final do ano passado levaram países em todo o mundo a implementar medidas para verificar possíveis infecções ou até mesmo proibir a entrada de turistas vindos da nação asiática. 

“Embora as medidas bastante brandas relacionadas a viagens impostas por alguns países para viajantes da China mais uma vez possam ser vistas como punitivas, podemos esperar que este documento anuncie mais abertura e troca imediata de dados daqui para frente”, observaram.

Tags: