Surto de Covid na China leva nações a adotarem restrições de entrada para viajantes

Beijing está desmantelando rapidamente suas rigorosas medidas sanitárias, provocando uma onda de casos em todo o país

Diante de um novo surto de coronavírus na China após o país colocar fim à radical política Zero Covid, países em todo o mundo estão implementando medidas para verificar possíveis infecções ou até mesmo proibir a entrada de turistas vindos da nação asiática. As informações são da rede Bloomberg.

Nos Estados Unidos, por exemplo, por conta da falta de transparência do governo chinês em relação ao alastramento da doença, o governo considera tomar novas medidas sanitárias para pessoas que chegam da China, segundo relataram autoridades americanas sob condição de anonimato. Há o temor de que a rápida disseminação do vírus possa levar ao surgimento de novas variantes

Na quinta-feira (27), o Japão agiu rapidamente para anunciar medidas que exigem teste negativo para Covid-19 na chegada de cidadãos japoneses que estiveram na China continental em um intervalo de sete dias. No início desta semana, o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida afirmou que há “discrepâncias” nos dados provenientes do país vizinho, o que justifica a preocupação crescente. 

Posto para teste de PCR na China (Foto: WikiCommons)

A Malásia também impôs novas medidas de monitoramento e vigilância. A Índia colocou seu sistema de saúde de prontidão e afirmou ainda que nos aeroportos do país serão selecionados, aleatoriamente, 2% dos viajantes internacionais para que realizem testes de Covid.

Prevendo dezenas de milhares de visitantes para o Ano Novo Chinês, que ocorre no final de janeiro, Taiwan começará a testar os que chegam da China continental. Já Hong Kong, que planeja reabrir suas fronteiras com a China antes de meados de janeiro, não enfatiza suas diretrizes de entrada.

Nesta quarta, o governo do território semiautônomo fez menção a um conjunto abrangente de modificações que “podem acabar com os limites de reuniões públicas, além da prova de vacinação para entrada em alguns locais, e não exigir que os turistas façam dois exames de PCR após sua chegada”.

Nas Filipinas, o secretário de Transportes, Jaime Bautista, impôs medidas de combate ao coronavírus nesta quarta-feira, incluindo testes em turistas que chegam da China. “Devemos ser muito cautelosos porque, se eles tiverem vários casos de Covid, devemos ser cautelosos com a entrada de visitantes chineses nas Filipinas”, disse ele a repórteres.

Por que isso importa?

Em meio a um surto de Covid-19 que começou após Beijing por fim aos bloqueios nacionais, no início de dezembro, mais de cinco mil pessoas estariam morrendo diariamente no país. A estimativa foi feita pela empresa de dados de saúde Airfinity e representa um contraste abissal com a estatística oficial, que registrou apenas 5.241 mortes desde o início da pandemia em dezembro de 2019.

E pode piorar. A onda enfrentada pelo país, que tem uma população de 1,4 bilhão, pode fazer a taxa diária de casos subir para 3,7 milhões até o mês que vem, diz a Airfinity. Para mais adiante, o cenário é ainda mais dramático: provavelmente haverá outro surto em março, que elevará o pico diário para 4,2 milhões.

O que ajuda a explicar o número oficial diminuto é que apenas as mortes causadas por pneumonia ou insuficiência respiratória são oficialmente contabilizadas como tendo sido causadas pela Covid-19. Assim, ficam fora das estatísticas oficiais as mortes de pessoas com doenças pré-existentes e infectadas pelo coronavírus.

Tags: