Uma professora expulsa do Partido Comunista chinês, Cai Xia, recomendou no último dia 17 que os Estados Unidos reduzam a “postura linha-dura” em relação a Beijing.
Em entrevista à CNN, no domingo (23), Xia afirmou temer as possíveis consequências em um embate direto entre as duas potências. “A relação entre a China e os Estados Unidos não é um conflito entre os dois povos, mas uma disputa entre dois sistemas e duas ideologias”, disse Cai.
Os comentários são combustível para a acelerada tensão entre os países. As duas maiores economias do mundo discordam em quase todos os aspectos das relações bilaterais – do comércio aos direitos humanos.
Segundo a ex-professora, além de confiscar livros, o atual sistema político da China também colabora para uma censura autoimposta pelos cidadãos e funcionários públicos. “Poucos se atrevem a falar publicamente”, relatou.
De acordo com Cai, o autoritarismo aumentou de forma acentuada após a ascensão do presidente chinês, Xi Jinping, ao poder, em 2012. O seu antecessor, Hu Jintao, era mais tolerante com as dissidências, relatou.
Desde que Xi assumiu o poder, a democracia intrapartidária não existe. “A informação transmitida de cima é falsa e não há mais tomada de decisão científica ou democrática”, disse Cai.
Descontentamento generalizado
Segundo ela, o objetivo de Xi é substituir o sistema democrático do mundo por um “modelo próprio de governo”. Por isso, há um descontentamento generalizado dentro do partido. Ainda assim, a expectativa por uma oposição organizada é quase nula.
A ex-militante do partido comunista está nos EUA desde o final do ano passado e foi impossibilitada de retornar à China por causa da pandemia. Questionada, ela não dá detalhes sobre a sua rotina para “evitar perseguições”.
Desde que foi expulsa da única grande agremiação política da China, Cai teve os seus auxílios financeiros e aposentadoria cortados.