Protestos em Belarus podem comprometer crescente influência da China no país

Lukashenko é aliado na construção do Cinturão da Rota da Seda, iniciativa de infraestrutura chinesa global

As recentes manifestações em massa em Belarus e a possível queda do atual presidente, Alexander Lukashenko, podem comprometer a influência da China sobre o país, apontou o jornal de Hong Kong “South China Morning Post” na quarta (19).

O motivo seria a possível interrupção no plano de construção do Cinturão Econômico da Rota da Seda, proposto por Beijing. Lukashenko, reeleito pela sexta vez no último dia 9, aprovou estratégias para a construção das estradas do projeto no país.

Protestos na Belarus podem comprometer crescente influência da China no país
Alexander Lukashenko, presidente de Belarus, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, 2015 (Foto: UN Photo/Amanda Voisard)

A China entende que o país do leste europeu um componente estratégico da medida, já que oferece uma saída para os países bálticos – Estônia, Letônia e Lituânia – e para o resto da Europa Oriental.

Uma mudança de governo em Minsk, no entanto, poderia causar problemas no andamento das obras, com conclusão prevista para 2049.

O probabilidade de paralisação aumenta se o próximo líder for mais alinhado ao Ocidente, disse Marc Lanteigne, professor de Ciência Política da Universidade de Tromso, na Noruega, ao jornal chinês.

Temores do Ocidente

O receio de que um novo presidente belorusso mire o Ocidente é compartilhado também pelo Kremlin. E, se Moscou decidir intervir, é possível que os laços entre Beijing e Minsk sejam prejudicados.

“Se a Rússia tiver sucesso de uma forma ou de outra na instalação de um regime aliado mais compatível, pode-se esperar que a cooperação com a China seja interrompida”, disse Keir Giles, analista da Chatham House.

Buscando alternativa à quase que exclusiva dependência da Rússia, o governo de Lukashenko buscou um manter o equilíbrio com os outros parceiros comerciais nos últimos anos.

Em 2019 a Rússia, principal parceiro comercial de Minsk, investiu US$ 4,5 bilhões no país. Três anos antes, a China emprestou US$ 7 bilhões a Belarus por meio de linhas de crédito.



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