A licença de transmissão da emissora Klubradio pode não ser renovada, informou a Radio Free Europe no sábado (10). O governo da Hungria recusa-se a estender a concessão e diz que planeja abrir nova licitação para a frequência assim que a licença expirar, em fevereiro de 2021.
O movimento é uma ofensiva do governo do premiê húngaro, Viktor Orbán, à emissora – uma das poucas independentes que restaram no país, disse o vice-diretor do Instituto Internacional de Imprensa, Scott Griffen, no domingo (11).
“A União Europeia afirma que a liberdade de imprensa e a concorrência leal no mercado estão entre seus valores centrais, mas até agora não conseguiu defender esses valores na Hungria”, afirmou Griffen.

A comunicação húngara está sob controle direto ou indireto de Orbán desde que o premiê voltou ao poder, em 2010.
Em 2019, cerca de 500 meios de comunicação privados estavam vinculados à Kesma (Fundação Europeia de Imprensa e Mídia), controlada pelo governo.
Expectativa de retorno
Mesmo que a cobertura da Klubradio tenha sofrido golpes nos últimos anos, a estação ainda é uma das mais ouvidas na Hungria. Com críticas a Budapeste, a rádio foi alvo de sanções do Conselho de Mídia local em 2011.
Após remoção da licença, a rádio só voltou ao ar em 2013, após uma ação judicial e uma campanha popular de milhares de ouvintes. A emissora encabeça um movimento semelhante agora para permanecer operando.
Em maio, a organização Freedom House, dos EUA, lançou um relatório em que apontava grave recuo democrático na Hungria. Segundo o órgão, Orbán abandonou qualquer “pretensão de respeitar instituições democráticas”.
Após cair 16 pontos em relação a 2019, o país está em 89º lugar no índice mundial de Liberdade de Imprensa de 2020 da organização Repórteres sem Fronteiras.