Sob pressão, Hungria e Polônia criam instituto para ‘analisar’ democracia na UE

Tentativa de retaliação mira críticas de Bruxelas à deterioração da democracia nos dois países; governos negam

Sob evidente recuo da democracia e com o aumento da pressão de grupos de extrema direita, a Hungria e a Polônia vão criar um “instituto” para averiguar o Estado de direito de todos os países da UE (União Europeia), disse a Al-Jazeera nesta segunda (28).

O bloco europeu aponta que Budapeste e Varsóvia têm violado garantias do Estado de direito dentro de seus territórios, o que ensejou a tentativa de retaliação às críticas de Bruxelas.

Ao integrar o bloco, todos os países-membros assinam garantias de que o Estado manterá um sistema liberal e democrático, mesmo que, mais adiante líderes autointitulados “iliberais” tentem mudar as regras do jogo.

Sob pressão, Hungria e Polônia criam instituto para 'analisar' democracia na União Europeia Bruxelas
Os ministros das Relações Exteriores da Polônia, Zbigniew Rau (esq.) e da Hungria, Peter Szijjarto, em Budapeste, em 28 de setembro de 2020 (Foto: Twitter/Ministério das Relações Exteriores da Polônia)

É o caso do húngaro Viktor Orbán, que comanda o país desde 2010, quando a Hungria já contava seis anos na UE. Já na Polônia, que entrou na União também em 2003, o partido Lei e Justiça iniciou seu período no poder dois anos depois.

“Não seremos tomados por idiotas”, disse o ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, após seu encontro com o ministro polonês, Zbigniew Rau. “Estamos fartos de alguns políticos da Europa Ocidental nos usarem como saco de pancadas”, disse.

Para os representantes, o relatório da UE sobre a redução de direitos individuais nos dois países é uma “declaração política”, sem qualquer avaliação fundamentada.

O instituto deve “examinar” a UE e averiguar como o bloco europeu manteve o Estado de direito ao longo dos anos. O objetivo é evitar sanções à Hungria e Polônia após as violações.

As discussões entre os dois países e a UE já se estende há anos. Em agosto, a entidade europeia cortou o apoio financeiro a pelo menos seis cidades da Polônia que se intitularam “zonas livres de LGBT”.

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