Uma reforma na ONU (Organização das Nações Unidas) foi pauta recorrente na 75ª Assembleia Geral, que ocorreu deste ano. O pedido por mudança está de acordo com a percepção de cidadãos de 14 países desenvolvidos, consultados pela Pew Research Center.
A pesquisa, publicada em 21 de setembro, informou que a maioria dos consultados veem a atuação multilateral como essencial enquanto questiona a eficácia da ONU na prática.
Os dados identificam apoio ao multilateralismo em grande parte dos Estados-membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Os países do bloco financiam 60% dos orçamentos das Nações Unidas e suas entidades associadas.
O centro entrevistou cidadãos de países da América do Norte, Europa e Ásia. Com a pandemia, a coleta das percepções da população da América Latina, África, Sul da Ásia e Oriente Médio precisou ser adiada.
Há preocupação com o desempenho da ONU. Enquanto 81% concorda que os países devem agir por uma cooperação global, há dúvida sobre os impactos das ações internacionais na “vida real” das “pessoas comuns”.
Entre os entrevistados, 51% acreditam que a ONU é, sim, eficaz – outros 46% acreditam que não. “Embora a maioria esmagadora acredite que a ONU promova a paz, apenas uma pequena maioria acha que ela lida de forma eficaz com os problemas internacionais”, concluiu o relatório.
A pesquisa também identificou que as pessoas com mais instrução e mais jovens tendem a expressar mais apoio à cooperação internacional. Já partidários de ideologias mais à direita são mais propensos a dizer que seu país deve seguir os próprios interesses.
Nos EUA, definição é política
Outras duas pesquisas, da BWC (Better World Campaign) e Chicago Council, revelam que nos Estados Unidos a maioria apoia o multilateralismo – mas a polarização política interfere na visão sobre as ações da ONU.
À BWC, 85% dos norte-americanos afirmaram que desempenhar um papel ativo nas Nações Unidas é importante. A visão sobre a organização é 64% favorável. Nas diferenças partidárias, 88% dos democratas aprovam a ONU, enquanto 51% dos republicanos a veem de forma negativa.
Os democratas defendem uma abordagem de diplomacia e cooperação internacional Já os republicanos preferem uma perspectiva nacionalista, de autossuficiência e de abordagem unilateral, destacou a pesquisa.
Neste ano, com a pandemia e uma crise que afetou a maior parte das economias do mundo, a ONU busca por iniciativas que lhe garantam o protagonismo nessa abordagem multilateral.
“Nosso guia é atemporal para enfrentar os desafios que partilhamos e para corrigir as fragilidades do mundo”, disse o secretário-geral da entidade, o português António Guterres.