Comandante russo morre após deserção em massa em sua unidade, e suspeita é de execução

Viktor Sevalnev foi recrutado pelo Wagner Group quando estava preso e foi nomeado comandante de uma unidade em Luhansk

Um ex-presidiário russo que ingressou no front na Ucrânia através da campanha de recrutamento de criminosos condenados teria sido morto após membros da unidade que ele comandava terem desertado em massa. Viktor Sevalnev, que morreu em 25 de novembro, havia sido recrutado por uma organização paramilitar a serviço do Kremlin e nomeado comandante de uma companhia em Luhansk após a morte em combate do líder anterior. As informações são da revista Newsweek.

Sevalnev, 43 anos, atendeu à convocação feita pela FSB (Agência de Segurança Federal, da sigla em inglês) e pela organização paramilitar Wagner Group para aumentar o efetivo no país invadido. Assim, foi libertado da prisão e teve a pena perdoada. Na Ucrânia, ele serviu como comandante da 7ª Companhia de Fuzileiros Motorizados da “milícia do povo”, na região ocupada de Luhansk.

Antes de morrer, o ex-presidiário havia revelado que foi ameaçado de execução após a debandada dos soldados que estavam sob seu comando, segundo a agência de notícias russa independente The Insider.

Membros das forças armadas da Rússia (Foto: reprodução/Facebook)

Em uma conversa telefônica gravada em novembro entre Sevalnev e Lilia, esposa dele, o comandante revelou que sua vida estava em risco após a deserção em massa na unidade que ele comandou e que antes havia sofrido pesadas perdas. Na época da denúncia, o homem estava hospitalizado, recuperando-se de um ferimento de combate, e revelou que temia sair dali para uma “execução”.

“Eles querem matar todo mundo”, disse ele em um telefonema para a mulher, segundo mostrou a reportagem. “Hoje sou eu, amanhã outro, só isso. Somos apenas material de assassinato para eles. O Ministério da Defesa executa pessoas. Eles sabem que somos homens mortos e não dão a mínima”, ele também teria dito.

O Ministério da Defesa contou a Lilia sobre a morte do seu marido na última quinta-feira (1º). A informação é de que Sevalnev morreu em 25 de novembro na região de Donbass, cinco dias após o telefonema. A causa oficial dada pelo órgão governamental foi a de que o comandante não resistiu a ferimentos por estilhaços e um forte golpe na cabeça.

No entanto, Vladimir Osechkin, um ativista russo de direitos humanos que administra o site anticorrupção Gulagu.net, tem dúvidas sobre a versão apresentada pelo Kremlin. Ele contou ao Insider que é provável que Sevalnev tenha sido “executado” por conta da deserção de seus combatentes.

Osechkin sustentou suas suspeitas fazendo menção à morte recente de outro ex-presidiário, Yevgeny Nuzhin, também recrutado pelo Wagner Group em julho. Ao ser capturado pelas forças ucranianas em setembro, Nuzhin concedeu diversas entrevistas na Ucrânia, nas quais criticou as autoridades russas e revelou que queria mudar de lado.

Ele acabou morto em novembro, e imagens de seu assassinato foram publicadas pelo canal de Telegram Gray Zone, ligado à milícia financiada pelo Kremlin. O vídeo mostrava um homem não identificado atingindo a vítima com uma marreta.

Segundo repercutiu o jornal independente The Moscow Times, até agora, pelo menos 40 prisioneiros russos recrutados pelo Wagner Group foram executados pelo grupo, de acordo com Olga Romanova, chefe da organização Russia Behind Bars, com sede em Moscou, que luta pelos direitos dos prisioneiros na Rússia.

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