Ucrânia anuncia a volta de 37 crianças supostamente levadas à força para a Rússia

Kiev alega que todos os menores têm familiares, mas ainda assim foram removidos da região de Kharkiv para o sul da Rússia

O governo da Ucrânia anunciou na terça-feira (11) o retorno ao país de 37 crianças supostamente levadas à força para a Rússia desde o início da guerra no dia 24 de fevereiro. As informações são do jornal independente The Moscow Times.

De acordo com Kiev, todas as crianças têm familiares, mas ainda assim foram removidas à força da região de Kharkiv e levadas à cidade russa de Kabardinka, no sul do país. Agora, retornaram à Ucrânia e receberam abrigo em centros para deslocados na região de Zakarpattia.

“O processo de retorno foi difícil, mas terminou com sucesso”, diz comunicado divulgado pelo governo ucraniano. “Para pegar seus filhos, os pais percorreram um longo caminho por vários países europeus”.

O Ministério da Reintegração da Ucrânia diz que a operação para a volta das crianças foi coordenada com o Serviço Estadual de Migração, a ONG SOS Children’s Villages e operadores de transporte.

Deslocados ucranianos que receberam abrigo na Polônia em função da guerra (Foto: Michal Korta/Unicef)
Denúncia antiga

A ONU (Organização das Nações Unidas) admitiu no início de setembro que menores ucranianos vinham sendo levados à força para a Rússia, desacompanhados e sem a realização de qualquer procedimento legal. A denúncia já vinha sendo feita há meses por governos estrangeiros e entidades humanitárias.

Na ocasião, Ilze Brands Kehris, secretária-geral adjunta para direitos humano, destacou que os menores vinham sendo enviados “desacompanhados aos territórios ocupados pela Rússia ou à própria Federação Russa”.

“Estamos preocupados que as autoridades russas tenham adotado um procedimento simplificado para conceder a cidadania russa a crianças sem cuidados parentais e que essas crianças sejam elegíveis para adoção por famílias russas”, afirmou ela.

Dados divulgados no mês passado por Washington, que analisou inclusive estatísticas fornecidas por Moscou, estimam que entre 900 mil e 1,6 milhão de ucranianos já foram detidos e deportados à força ao longo da guerra, que teve início no dia 24 de fevereiro. Tais ações podem configurar crimes de guerra, crimes contra a humanidade ou genocídio.

Já a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que mais de 1,8 mil crianças foram transferidas para a Rússia somente em julho. “Algumas crianças foram separadas de suas famílias e levadas de orfanatos antes de serem colocadas para adoção na Rússia”, afirmou ela.

O embaixador russo na ONU, Asily Nebenzyaem, classificou a acusação como “infundada” e disse que esta é uma tentativa do Ocidente de manchar a reputação do país dele. “Até onde podemos julgar, procedimentos semelhantes são aplicados na Polônia e em outros países da União Europeia (UE) contra refugiados ucranianos”, disse.

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