Chineses pedem ‘boicote’ de marcas que rejeitam algodão de Xinjiang

Sueca H&M foi bloqueada em ecommerces na China após classificar matéria-prima como "oriunda de trabalho forçado"

Nike, Adidas, GAP, Uniqlo, New Balance, Fila e H&M estão entre as marcas ocidentais que agora sofrem ameaças de boicote na China. O motivo seria um pedido, atendido pelas empresas, da organização Better Cotton Initiative: o fim da aquisição de matéria-prima de Xinjiang.

A associação afirma que o algodão da província resulta do trabalho forçado dos campos de detenção à população muçulmana uigur. Beijing já confirmou a existência das estruturas, mas insiste que servem para “ressocialização e educação”.

A Liga da Juventude Comunista teria iniciado a campanha contra a H&M na rede social chinesa Weibo. “Espalhar rumores para boicotar o algodão de Xinjiang e ao mesmo tempo ganhar dinheiro da China? Pensamento positivo!”, diz uma das postagens.

A mídia estatal chinesa também atacou a rede sueca. “A H&M come o arroz da China enquanto quebra sua panela”, disse a CCTV, em registro da agência France24. A rede mantém mais de 500 lojas no país, e gerou mais de US$ 1,1 bilhão em vendas em 2020. A fast-fashion também foi bloqueada nos maiores sites de comércio eletrônico da China.

O ator Huang Xuan e a cantona Victoria Song, antes embaixadores da H&M na China, já anunciaram que não trabalham mais com a franquia. “Me oponho a comportamentos que espalham boatos sobre a China e os direitos humanos”, disse Huang, em registro do portal Quartz.

Beijing está envolvida em uma guerra comercial e tecnológica contra os EUA. Na segunda (22), Washington e aliados lançaram sanções coletivas à China pela repressão à minoria muçulmana uigur de Xinjiang. Beijing nega as acusações.

Loja da rede de fast-fashion sueca H&M na cidade chinesa de Suzhou, dezembro de 2014 (Foto: Divulgação/Shwangtianyuan)

Diligências em Xinjiang

A rede varejista japonesa Muji afirmou nesta quinta (25) que manterá a confecção com algodão produzido na província chinesa de Xinjiang. Ao jornal japonês Nikkei, a empresa que opera Muji, Ryohin Keikaku, afirmou que realizou diligências em todas as empresas envolvidas na cadeia de abastecimento em Xinjiang.

A investigação foi realizada com um órgão de auditoria independente e tem base nos documentos de verificação dos EUA e instituições como a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

“Se houvesse alguma prática inadequada, solicitaríamos correções imediatamente ou encerraríamos o contrato”, disse a empresa. Mercado essencial à Muji, a China representou 17% de suas vendas totais do país entre março e novembro de 2019. Até agosto de 2020, a franquia possuía 274 lojas distribuídas pela China continental.

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