Os EUA declararam a campanha da China contra a minoria uigur, na província de Xinjiang, como “genocídio” e “crime contra a humanidade”. O anúncio foi feito na tarde desta terça-feira (19), véspera do fim do mandato de Donald Trump, confirmou o portal Axios.
Em comunicado, o secretário de Estado Mike Pompeo afirmou que a declaração ocorre após um “exame cuidadoso dos fatos disponíveis” analisados desde março de 2017.
“A China, sob controle do Partido Comunista Chinês, é responsável por crimes contra a humanidade à população uigur, predominantemente muçulmana, e outros membros de grupos étnicos e religiosos minoritários em Xinjiang”, diz o texto.
Pompeo cita ainda que o Partido Comunista Chinês também “cometeu genocídio” na região. “Os crimes em andamento incluem a prisão arbitrária de mais de 1 milhão de pessoas, esterilização forçada, tortura e trabalho forçado“, denuncia.
O governo dos EUA também lista restrição à liberdade religiosa, liberdade de expressão e de movimento. Os crimes aconteceriam em campos de detenção, estruturas se multiplicaram nos últimos anos.
Com raízes étnicas e culturais na Ásia Central, a comunidade uigur reúne uma população de 11 milhões de habitantes e é vista pela maioria han – 92% dos chineses – com desconfiança. Os uigures enfrentam discrimação da sociedade em geral e do próprio governo chinês.
Washington foi o primeiro a adotar esses termos ao descrever graves abusos de direitos humanos cometidos por Beijing no extremo noroeste do país. A medida deve inflamar as disputas comerciais e tecnológicas entre os dois países.
Pressão internacional
Antes de Pompeo, o próximo presidente dos EUA, Joe Biden, também classificou a campanha chinesa contra os uigures como “genocídio”. Além dos EUA, o chanceler do Reino Unido, Dominic Raab, já denunciou a “barbárie” da China.
Londres anunciou uma série de multas a todas as empresas que não provarem que suas cadeias de trabalho estão livres do trabalho forçado. Além disso, a Lei Magnitsky, aprovada pela UE (União Europeia), facilita a punição a violadores de direitos humanos.
Beijing, por sua vez, pressiona os parceiros internacionais a se opor a qualquer crítica às suas políticas em Xinjiang e nega as acusações.