EUA e aliados lançam sanções coletivas à China por abusos em Xinjiang

Sanções congelam bens e proíbem viagens de envolvidos em abusos; China sancionou europeus e garantiu apoio russo

EUA, Canadá, Reino Unido e UE (União Europeia) lançaram sanções coletivas à China pela repressão à minoria muçulmana uigur nesta segunda (22). As medidas partem da força-tarefa do governo de Joe Biden para formar uma coalizão contra Beijing, segundo o “The Wall Street Journal”.

As sanções congelam bens e proíbem viagens de antigos e atuais funcionários do governo chinês. Líderes de uma organização envolvida na campanha de detenção dos uigures na província de Xinjiang, no noroeste da China, também estão incluídos.

A decisão marca o primeiro uso de sanções de direitos humanos contra a China da UE desde 1989, ano do massacre da Praça da Paz Celestial. Já o Reino Unido vê “abusos em escala industrial” contra a população uigur. Os EUA, que protagonizam o embate com Beijing em um disputa comercial e tecnológica acirrada, veem as ações chinesas como um genocídio.

EUA e aliados lançam sanções coletivas à China por abusos em Xinjiang
O presidente chinês, Xi Jinping, em reunião informal com os líderes do BRICS antes da cúpula do G20 em Hamburgo, na Alemanha, em 2017 (Foto: Divulgação/Kremlin)

A resposta da China foi imediata. Ainda na segunda-feira, o país colocou dez legisladores europeus em uma espécie de “lista negra”, assim como vários think tanks e grupos acadêmicos. Todos estão proibidos de fazer negócios ou entrar no país.

Em anúncio, o secretário dos EUA Antony Blinken, e os chanceleres do Canadá e Reino Unido afirmaram que as evidências sobre os abusos são “avassaladoras”. O documento cita imagens de satélite, documentos do governo chinês e relatos de testemunhas sobre tortura, trabalho e esterilização forçados.

Ministros das Relações Exteriores da Austrália e Nova Zelândia também emitiram uma declaração separada em apoio às sanções. Os países integram a aliança de compartilhamento de inteligência dos EUA conhecida como “cinco olhos”.

China e Rússia se aproximam

Outro alvo recente de sanções, a Rússia deu razão à China e condenou as sanções dos aliados nesta terça (23). “Interferência política”, disse o ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov. Em encontro, Moscou e Beijing afirmaram que trabalham para “promover o progresso global”.

Moscou se tornou alvo de Washington e da UE após a prisão de Alexei Navalny. O opositor ao governo de Vladimir Putin retornou à Rússia em janeiro, após meses de recuperação por envenenamento na Alemanha. “Não temos mais relações com a UE depois que Bruxelas as destruiu”, disse Lavrov.

Além das sanções, o governo de Joe Biden colocou o a cooperação com aliados na linha de frente de sua estratégia contra a China. Uma das primeiras reuniões do presidente, empossado em janeiro, foi com os líderes do grupo Quad, Austrália, Índia e Japão. Todos têm problemas com Beijing em disputas territoriais ou econômicas.

Os países concordaram em coordenar a produção e distribuição de vacinas contra a Covid-19 para competir com a “diplomacia de vacinas” da China e seu avanço sobre países emergentes.

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