A decisão do governo de Portugal de permanecer “em cima do muro” quanto à implantação das redes 5G pela chinesa Huawei fez com que os EUA lançassem uma ofensiva de “bullying diplomático” contra o país.
A avaliação é do ex-embaixador português na ONU (Organização das Nações Unidas) e no Brasil Francisco Seixas da Costa, em seu blog pessoal. Para o diplomata, o embaixador dos EUA em Lisboa, George Glass, ameaçou o Estado português no caso da não adesão à “guerra santa” contra a China.
Costa refere-se à entrevista concedida por Glass ao portal Expresso na sexta (25). “Portugal tem de escolher agora entre os aliados e os chineses”, disse Glass, ao ser questionado sobre a posição do governo dos EUA à isenção de Lisboa no caso Huawei.
Portugal decidiu não intervir e deixou que as empresas decidissem se queriam ou não os equipamentos da chinesa. As corporações de telecomunicações NOS, Vodafone e Altice decidiram de forma autônoma que não usarão a tecnologia Huawei nas redes 5G no país.
“[Os EUA estão] obrigando a escolher o lado dessa nova ‘cortina de ferro’ que Washington pretende decretar pelo mundo”, escreveu Seixas da Costa. Com críticas severas, o ex-embaixador das Nações Unidas afirmou que Glass desconhece “todas as dimensões técnicas das questões que aborda”.
“O mundo ocidental tem poderes diferenciados, e não tutelas a orientá-lo”, disse Costa. “Não cabe a um único país definir [as posições dos demais], e muito menos impôr”.
Seixas da Costa representou as Nações Unidas e a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) no Brasil e na França.