No Twitter, chanceler das Filipinas apela a discurso agressivo em mensagem à China

Ministro classificou Beijing como um 'idiota feio' na rede social e exigiu a saída de navios chineses da zona marítima do país

O ministro das Relações Exteriores das Filipinas, Teodoro Locsin, apelou para um linguajar agressivo ao exigir a retirada dos navios da China da Zona Econômica Exclusiva do país, na segunda (3). No Twitter, o chanceler classificou Beijing como o “idiota feio” que “força” uma aproximação, fazendo metáfora com um relacionamento amoroso.

“China, minha amiga, como posso dizer com educação? Deixe-me ver…”, escreveu o diplomata, antes de soltar um palavrão. E prosseguiu: “O que você está fazendo com a nossa amizade? É você! Não somos nós. Estamos tentando. Você é como um idiota feio que força as atenções para um cara bonito que quer ser apenas seu amigo”.

Em termos vulgares, o ministro exige a saída das mais de 200 embarcações do território, que foram vistos ancorados pela primeira vez na região no início de março. “Desrespeito flagrante”, disse Manila, ao lançar dois protestos diplomáticos contra Beijing. Os posts foram posteriormente apagados por Locsin.

No Twitter, chanceler das Filipinas apela a discurso agressivo em mensagem à China
O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, em pronunciamento na sua posse, novembro de 2016 (Foto: Divulgação/Prachatai)

No mesmo dia, Locsin exigiu em um comunicado mais sóbrio, lançado pelo Ministério, que a China retirasse seus navios das ilhas de Kalayaan e Scarborough Shoal. Em resposta irônica, a China pediu “etiqueta básica” ao chanceler filipino.

“Os fatos provaram repetidamente que a diplomacia do microfone não pode mudar os fatos, só minar a confiança mútua”, respondeu o ministério das Relações Exteriores chinês, registrou a emissora “New Asia”, de Singapura. “Espera-se que pessoas relevantes nas Filipinas sigam a etiqueta básica e sua posição ao fazer comentários”.

Beijing insiste que os navios de pesca apenas se protegem contra o mau tempo e têm permissão para estar lá com base em “direitos históricos”. O país reivindica quase todo o Mar da China Meridional – incursão que o Tribunal de Haia definiu como ilegal em 2016.

“Só o presidente pode xingar”, diz Duterte

O presidente Rodrigo Duterte, conhecido por manter o tom desbocado – exceto nas relações com a China –, não gostou da atividade de Locsin. “Não há espaço para xingamentos em matéria de diplomacia”, disse o porta-voz Harry Roque em entrevista coletiva. “Só o presidente pode xingar”.

Duterte prefere não hostilizar a China na esperança de manter os fluxos de ajuda do país. No final de abril, o presidente filipino agradeceu a Beijing por entregar milhares de vacinas à Covid-19 ao país. A questão marítima, porém, é uma espécie de “linha vermelha” às Filipinas.

Conforme o “The New York Times”, Duterte já afirmou que as patrulhas filipinas nas áreas ocupadas pelos navios chineses “não cessariam”, mas que, ao mesmo tempo, Manila não queria “incomodar a China” – especialmente com uma guerra.

“A China continua sendo o nosso benfeitor”, disse o presidente, em reunião de gabinete na segunda (3). “Só porque temos um conflito com a China não significa que devemos ser rudes e desrespeitosos”.

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