Rússia expulsa diplomatas britânicos em meio à crescente tensão com o Ocidente

Moscou acusa dois indivíduos de espionagem e dá prazo de duas semanas para que ambos deixem o país

A relação entre Rússia e Reino Unido entrou em uma nova fase de crise, com Moscou expulsando dois diplomatas britânicos acusados de espionagem. A medida, anunciada na segunda-feira (10), é uma resposta direta à crescente colaboração militar de Londres com Kiev e ocorre em um momento de intensificação das tensões diplomáticas entre Moscou e as potências ocidentais. As informações são da agência Reuters.

O governo russo informou que os dois diplomatas britânicos tinham entrado no país com informações falsas e estariam realizando atividades subversivas que ameaçavam a segurança nacional russa. Esta não é a primeira vez que algo assim acontece, com um caso semelhante registrado em setembro do ano passado.

Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido rejeitou as acusações, classificando-as como “infundadas” e afirmando que não é a primeira vez que Moscou faz alegações maliciosas contra seus funcionários.

A expulsão ocorre apenas dias após a condenação de três cidadãos búlgaros que foram envolvidos em uma operação de espionagem russa em Londres. Os diplomatas britânicos são os primeiros do Ocidente a serem expulsos desde que Moscou e Washington começaram a discutir a restauração das equipes diplomáticas após uma série de expulsões mútuas, no contexto de um distanciamento crescente entre a Rússia e os aliados europeus.

Prédio da embaixada da Rússia em Londres: crise diplomática (Foto: WikiCommons)

Além de criticar o apoio contínuo do Reino Unido à Ucrânia, a decisão da Rússia também reflete o aumento das tensões em torno das declarações recentes do primeiro-ministro britânico Keir Starmer sobre a possibilidade de enviar tropas britânicas para o território ucraniano como parte de uma missão de paz. Moscou considera inaceitável qualquer envolvimento militar estrangeiro na região e vê essas ações como uma provocação.

O Ministério da Defesa da Rússia anunciou que a expulsão dos diplomatas britânicos é uma resposta a suas atividades como “agentes não declarados” dos serviços de inteligência britânicos, que Moscou considera uma violação de sua segurança nacional. A Rússia também deixou claro que tomará medidas retaliatórias caso Londres decida “escalar” a situação.

Em Londres, o Ministério das Relações Exteriores britânico afirmou que a acusação de espionagem contra seus diplomatas não é nova e faz parte de uma estratégia de Moscou para intimidar diplomatas legítimos.

Combate à espionagem russa

A expulsão ocorre em um momento crítico das relações entre Rússia e Reino Unido, que entrou em crise antes mesmo da guerra. Episódios como o envenenamento do ex-agente russo Sergei Skripal levaram o governo britânico, bem como outras nações europeias, a fechar o cerco contra Moscou.

Centenas de diplomatas russos foram expulsos de países europeus sob a acusação de que vinham atuando como espiões disfarçados. Ken McCallum, diretor do MI5, o serviço de inteligência doméstica britânica, calculou em 2022 que mais de 600 russos haviam sido obrigados até ali a deixar países europeus nessas condições.

Somente no Reino Unido, mais de cem pedidos de vistos diplomáticos feitos por Moscou foram rejeitados desde 2018, quando o Skripal e a filha dele, Yulia, foram envenenados em Salisbury, sul da Inglaterra. A inteligência russa foi acusada de coordenar a ação, embora Moscou até hoje negue envolvimento.

tentativa de assassinato contra o homem comprometeu as relações diplomáticas entre os governos britânico e russo e levou à primeira onda de expulsões de diplomatas suspeitos de atuarem como espiões. De lá para cá, diversos países europeus também detectaram membros do corpo diplomático russo que exerciam atividades incompatíveis com suas funções e igualmente os forçaram a ir embora.

Tags: