Moscou expulsa diplomatas dos EUA por relação com russo acusado de espionagem

Norte-americanos foram citados como os contatos de Robert Shonov, que está preso na Rússia acusado de servir a Washington

O governo da Rússia anunciou na quinta-feira (14) a expulsão de dois diplomatas norte-americanos que atuam no país. Segundo Moscou, eles seriam os contatos de Robert Shonov, ex-funcionário do consulado norte-americano em Vladivostok acusado de espionagem. As informações são da agência Reuters.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, a embaixadora dos EUA, Lynne Tracy, foi convocada e informada de que o primeiro secretário da embaixada, Jeffrey Sillin, e o segundo secretário, David Bernstein, foram expulsos, com o prazo de sete dias para irem embora.

Robert Shonov, ex-funcionário de consulado dos EUA acusado de espionagem (Foto: FSB/divulgação)

“As pessoas citadas conduziram atividades ilegais, mantendo contato com o cidadão russo R. Shonov, acusado de ‘cooperação confidencial’ com um Estado estrangeiro”, disse comunicado divulgado pela diplomacia russa.

O FSB (Serviço Federal de Segurança) russo alega que Shonov coletou dados do “progresso da operação militar especial (eufemismo usado por Moscou para se referir à guerra da Ucrânia), processos de mobilização nas regiões da Rússia, momentos problemáticos e avaliação de como esses problemas influenciariam a população às vésperas da eleição presidencial na Rússia em 2024.”

Em comunicado divulgado no final de agosto, o FSB já havia citado Sillin e Bernstein, mas somente agora a expulsão de ambos foi informada. Segundo Washington, o caso foi usado pelo Kremlin para pressionar integrantes do corpo diplomático norte-americano, inclusive com a ameaça de interrogar os que tivessem mantido contato com Shonov.

“Também foi enfatizado (a Tracy) que as atividades ilegais da missão diplomática dos EUA, incluindo a interferência nos assuntos internos do país anfitrião, são inaceitáveis ​​e serão reprimidas resolutamente”, disse o Ministério das relações Exteriores. “O lado russo espera que Washington tire as conclusões corretas e se abstenha de medidas de confronto.”

As acusações

Segundo a agência Associated Press (AP), Shonov foi acusado com base em uma nova lei da Rússia, que classifica como crime a “cooperação numa base confidencial com um Estado estrangeiro, organização internacional ou estrangeira para ajudar as suas atividades claramente dirigidas contra a segurança da Rússia.”

De acordo com críticos do regime de Vladimir Putin, o texto legal é propositalmente vago, de forma a permitir que seja usado para punir qualquer cidadão russo que tenha ligação com entidades ou Estados estrangeiros. A pena máxima prevista é de prisão por até oito anos.

Washington admitiu, conforme informou a rede Voice of America (VOA), que Shonov trabalhou para o consulado por 25 anos, mas refuta as acusações. O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, disse no mês passado que as alegações russas são “totalmente sem mérito”, pois o acusado apenas coletava informações disponíveis na imprensa russa e abertas ao público em geral.

A agência de notícias russa Interfax reproduziu declarações atribuídas a Shonov, colhidas pelas autoridades em depoimento. Ele teria confirmado os nomes de seus interlocutores na embaixada dos EUA em Moscou, para onde costumava enviar as informações que obtinha. E teria citado os temas mais pulsantes da Rússia durante a guerra como principais questões de interesse de Washington.

“Eles (diplomatas) manifestaram interesse em recolher informações sobre os acontecimentos em curso, como a operação militar especial, a mobilização, as eleições presidenciais em 2024, a anexação de novos territórios e os protestos”, afirmou.

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