Em novo recorde, dívida pública global chegou a US$ 92 trilhões em 2022

Dívidas de Brasil, China e Índia somam 70% do registrado entre os países em desenvolvimento e 30% da dívida global geral

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

As Nações Unidas revelaram na quarta-feira (12) que a dívida pública global atingiu um recorde de US$ 92 trilhões em 2022. Os cálculos incluem as dívidas interna e externa dos governos.

Com US$ 1,653 trilhão, o Brasil está ao lado da China e da Índia entre países em desenvolvimento que sustentam 70% das dívidas somente para este grupo de economias. Juntas, estas nações devem quase 30% do total global.

Entre os países mais desenvolvidos figuram no topo da lista os Estados Unidos, com US$ 30,9 trilhões, o Reino Unido com US$ 3,1 trilhões e França com US$ 3 trilhões.

O secretário-geral António Guterres alertou que as dívidas atrapalham a prosperidade das pessoas e do planeta e descreveu um mundo submergindo em um desastre de desenvolvimento, alimentado por uma crise de dívida indiscutível.

Notas de yuan e dólar, novembro de 2019 (Foto: Eric Prouzet/Unsplash)Eric Prouzet)
Risco para o sistema financeiro global 

Ao apresentar o levantamento, Guterres expôs um mundo endividado enfatizando os 3,3 bilhões de pessoas, ou quase metade da humanidade, vivendo em países que gastam mais em pagamentos de juros da dívida que em educação ou saúde. Os dados são dos cálculos do Grupo Global de Resposta a Crises da ONU (organização das Nações Unidas).

Com a centralização das dívidas em países em desenvolvimento, o grupo é tido como um risco para o sistema financeiro global.

Guterres afirmou que as pessoas sofrem com a situação, ressaltando que países mais pobres do mundo são forçados a optar entre servir sua dívida ao seu povo.

A falta de espaço fiscal é um dos desafios para realizar investimentos essenciais no progresso dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ou transição para as energias renováveis.

Mecanismo eficaz de liquidação da dívida

Na publicação do documento revelando a tendência global de subida da dívida pública nas últimas décadas, estiveram a secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento e a secretária-executiva da Comissão Econômica e Social para a Ásia e Pacífico.

Entre os fatores que precipitaram a tendência estão crises combinadas dos últimos anos que fizeram disparar a dívida pública global mais de cinco vezes desde o ano 2000. O total está acima do Produto Interno Bruto (PIB) global, que triplicou no período. 

As propostas da ONU incluem um mecanismo eficaz de liquidação da dívida, prevendo suspensões de pagamento, prazos de empréstimo mais longos e taxas mais baixas, inclusive para países de renda média que mais precisem.

De forma imediata, outra reforma cabe aos governos: o aumento do financiamento para o clima e desenvolvimento, acrescentando a base de capital e alterando o modelo de negócios dos bancos multilaterais de desenvolvimento.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) listou, ainda, 36 países em situação ou em risco de super endividamento. E destacou que um grupo de 16 economias paga taxas de juros insustentáveis ​​aos credores privados.

Graves problemas de dívida devido à desigualdade causada pelo sistema financeiro global afetam 52 países em desenvolvimento, uma proporção de 40% do mundo.

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