Conservadorismo religioso gera escassez de mão de obra no setor bancário da Indonésia

Conflito entre religião e sistema financeiro deve-se à riba, cobrança de juros exploratórios pelos bancos no empréstimo de dinheiro

O setor bancário da Indonésia tem encontrado dificuldade para preencher determinadas vagas de emprego devido ao aumento do conservadorismo religioso no país. A informação é da agência Reuters

A Indonésia tem a maior população muçulmana do mundo, e atualmente há milhões de jovens muçulmanos “renascidos”. São pessoas que assumem o islamismo em determinado ponto da vida e têm uma interpretação rígida do Alcorão. 

O ponto de conflito entre religião e sistema financeiro está no conceito da riba, que é a cobrança de juros exploratórios pelos bancos no empréstimo de dinheiro. O ato é proibido pela lei islâmica, a Sharia. 

Banco BNI, na Indonésia: radicalismo religioso tem criado problemas na busca por mão-de-obra (Foto: Flickr)

Rini Kusumawardhani, que é recrutadora no mercado financeiro, calcula que cerca de 15 de cada 50 candidatos recusam uma oferta de emprego de um banco convencional devido à riba. 

Em contrapartida, um reflexo desse movimento é o crescimento dos bancos islâmicos na Indonésia. Os investimentos nas instituições alinhadas com o islã aumentaram 80% entre o fim de 2018 e março de 2021, contra apenas 18% de crescimento nos bancos convencionais.

A questão, porém, gera debate mesmo entre os estudiosos do islamismo. “Empréstimos são permitidos pelo Alcorão, desde que tomados com cautela e registrados corretamente”, diz a ministra das finanças Sri Mulyani Indrawati. 

Syahril Luthfi, de 36 anos, discorda da ministra. Ele conta que leu uma série de artigos online e concluiu que a riba é “dez vezes pior que cometer adultério com a própria mãe”. Assim, deixou o emprego em um banco convencional e buscou uma instituição financeira islâmica.

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