Acordos com a Rússia enfraquecem a independência de Belarus, diz especialista

Avaliação vai esteira da recente declaração do presidente da Lituânia, que afirmou que Rússia tenta “engolir” Belarus

por Cristiane Noberto

“Existem acordos políticos e econômicos perigosos com a Rússia. Isso enfraquece a independência de Belarus”. Quem faz a afirmação é a representante da Embaixada Popular de Belarus no Brasil Volha Yermalayeva Franco, em contato com A Referência, nesta terça-feira (15).

Segundo a especialista, ao longo dos seus 27 anos no poder, o chefe de Estado de Belarus, Aleksander Lukashenko, se empenhou para firmar grandes parcerias com Moscou. Ela alerta, porém, que isso coloca em risco a autonomia da pequena nação europeia. 

De acordo com Volha, o apoio de Vladimir Putin a Lukashenko faz com que a Rússia tenha Minsk sob sua zona de influência. “Assim, vemos o perigo de anexação de Belarus pela Rússia. Este é só mais um dos motivos para libertar o país da tirania deste governo ilegítimo”, finaliza.

Preocupação na Otan

A afirmação da especialista vai na esteira da recente declaração do presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, que afirmou que a Rússia tenta “engolir” Belarus. A afirmação foi concedida durante a cúpula presencial da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), ocorrida na segunda-feira (14), em Bruxelas, na Bélgica.

Presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, no encontro da Otan, em Bruxelas, em 14 de junho de 2020. (Foto: Otan)

Para Nauseda, Minsk “está perdendo os últimos elementos de independência, e essas tendências são muito perigosas”, reportou a Reuters. Segundo ele, a Otan só estreitará os laços com a Rússia depois que Moscou mudar seu posicionamento no que tange a Belarus.

O presidente lituano ainda ressaltou que, na próxima reunião entre EUA e Rússia, marcada para esta quarta (16), Joe Biden deve destacar “a determinação e unidade da Otan, e que reaja com mensagens muito claras sobre o que está acontecendo”.

Rússia e China

ascensão militar da China e as tentativas da Rússia de desestabilizar o Ocidente foram listadas como as principais ameaças contra os aliados da Otan no mês passado.

Na ocasião, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que “crescentes ameaças e competição sistêmica” de Beijing e Moscou “exigem um reforço à união” do bloco, registrou a RFE (Radio Free Europe).

Em comunicado conjunto, os ministros da Otan afirmaram que “poderes assertivos e autoritários” desafiam a ordem internacional por meio de ameaças híbridas e cibernéticas. O grupo ainda citou o “uso malicioso de novas tecnologias e outras ameaças assimétricas”.

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