A Alemanha confirmou na sexta-feira (3) o recebimento de um pedido do Reino Unido para a extradição de um cidadão britânico suspeito de espionagem. O acusado trabalhou na Embaixada Britânica em Berlim, de onde teria remetido a fontes russas documentos oficiais em novembro de 2020, informou a rede alemã DW.
David S., 57 anos, não teve seu nome completo divulgado pelas autoridades alemãs por conta de leis de proteção à privacidade no país. Ele foi detido em agosto na sua residência no Estado de Brandenburgo. A promotoria local não estipulou um prazo para o processo extraditório.
O suposto espião teria recebido dinheiro em troca das informações que forneceu à Federação Russa. O acusado não se pronunciou publicamente sobre as acusações, mas seu advogado, em declaração à revista alemã Der Spiegel, disse que seu cliente não deseja retornar à terra natal “em nenhuma circunstância”.
Se confirmadas as acusações, S. é um dos vários espiões russos recentemente descobertos na Alemanha. As autoridades de segurança locais alertam repetidamente a respeito de atividades dos serviços de inteligência russos no país.
Por que isso importa?
As atividades de espionagem russas na Alemanha aumentaram muito nos últimos anos, atingindo níveis semelhantes aos dos tempos de Guerra Fria. Em junho, o diretor da Agência para a Proteção da Constituição, Thomas Haldenwang, afirmou que a Rússia possui enorme interesse em Berlim, sobretudo nas “áreas políticas”.
A Alemanha é o país com maiores população e economia dentro da UE (União Europeia), o que a torna forte influenciadora no bloco. Inclusive em questões referentes a Moscou. Haldenwang diz que há um “grande número de agentes” russos na Alemanha, quase sempre próximos a pessoas poderosas. “A abordagem está cada vez mais dura e implacável”, diz.
Alguns casos ligados à espionagem russa na Alemanha vieram a público, como o ataque cibernético contra 38 parlamentares alemães em março. A invasão faria parte da campanha “Ghostwriter”, supostamente do GRU (Serviço de Inteligência Militar da Rússia). O alvo eram políticos do SPD (Partido Social Democrata) e da CDU (União Democrática Cristã), esta a sigla da chanceler Angela Merkel.