Ataque cibernético ligado à Rússia atinge 38 parlamentares da Alemanha

Hackers usaram técnica de phishing via email para atingir legisladores dos partidos aliados à chanceler Angela Merkel

Um relatório da revista alemã “Der Spiegel” aponta que 38 parlamentares da Alemanha – sete membros do Bundestag, o Parlamento local, e 31 representantes estaduais – estão entre os afetados por um ataque cibernético vinculado a hackers da Rússia.

A invasão faria parte da campanha “Ghostwriter”, supostamente ligada ao GRU (Serviço de Inteligência Militar da Rússia). O alvo eram políticos do SPD (Partido Social Democrata) e CDU (União Democrática Cristã) – sigla da chanceler Angela Merkel.

Os hackers teriam usado emails de phishing – mensagens falsas criadas para parecer legítimas e enganar as vítimas. Outros dezenas de ativistas alemães também teriam sido afetados pelo ataque. Ainda não está claro se houve vazamento de dados.

Ataque cibernético vinculado à Rússia atinge 38 parlamentares da Alemanha
O parlamento da Alemanha, Bundestag, em Berlim, 2007 (Foto: Divulgação/Jorge Royan)

Em janeiro, hackers tentaram interromper um encontro que elegeria as novas lideranças do CDU. Os ataques sobrecarregaram o servidor do site do partido até que entrasse em colapso e interrompesse a transmissão do evento.

A maioria vinha do vinha do exterior, apontou uma investigação. A UE (União Europeia) já impôs sanções a altos funcionários da inteligência russa após um ataque que violou dados do Bundestag em 2015. O alvo era Angela Merkel.

As relações entre Moscou e Berlim estão em declínio após o envenenamento do opositor ao Kremlin, Alexei Navalny em agosto de 2020. Merkel afirmou que reconsideraria o projeto do megagasoduto Nord Stream 2 caso a Rússia não investigasse o caso, pelo qual aliados de Navalny acusam Vladimir Putin.

O que é a ‘Ghostwriter’

Apurações da FireEye, empresa norte-americana especializada em inteligência cibernética, apontam que a campanha Ghostwriter estaria em andamento desde 2017.

Além dos parlamentares da Alemanha, os ataques visam sobretudo figuras públicas de Lituânia, Letônia e Polônia e espalham conteúdo anti-Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte).

No relatório, a empresa afirma que as mensagens da campanha estão “alinhadas com os interesses da segurança da Rússia”. A campanha costuma espalhar desinformação em contas de email e sites falsos.

Artigos de notícias e documentos atribuídos a autoridades públicas são construídos para parecerem reais. Um exemplo é a disseminação da notícia falsa de que soldados alemães em missão da Otan estariam profanando um cemitério judeu e teriam atropelado uma criança com um tanque, em 2018. Moscou nega as acusações.

Tags: