Aliado de Putin diz que treina civis para formar milícias armadas na Rússia

Mercenários do Wagner Group preparam cidadãos russos para pegar em armas e atuar nas regiões de fronteira com a Ucrânia

Evgneny Prigozhin, aliado do presidente russo Vladimir Putin, disse na última sexta-feira (11) que os mercenários do Wagner Group, uma organização paramilitar que serve aos interesses do Kremlin, está treinando cidadãos russos para que formem milícias armadas em regiões de fronteira com a Ucrânia, a fim de atuar na proteção do país. As informações são do jornal independente The Moscow Times.

“O Wagner está ajudando e continuará ajudando a população nas áreas de fronteira a aprender a construir estruturas de engenharia, treinar e organizar uma milícia”, disse Prigozhin, segundo a assessoria de imprensa da empresa dele, a Concord. “Um grande número de pessoas já está pronto para defender suas terras”.

Conhecido como “chef de Putin”, pelos contratos firmados com o governo para fornecer alimentação a órgãos governamentais, Prigozhin disse que a preparação das milícias está em estágio avançado nas regiões de Belgorod e Kursk, onde Moscou acusa Kiev de realizar ataques esporádicos.

Integrante do Wagner Group em Donetsk, Ucrânia (Foto: reprodução/vk.com)

Nos últimos meses, o empresário passou a falar abertamente sobre as ações do Wagner Group e até realizou um grande evento para inaugurar sua nova sede, em São Petesburgo, na semana passada. Antes, a organização era envolta em mistério, com alegações de que sequer existia.

Foi em setembro que Prigozhin abriu o jogo e admitiu ter fundado o Wagner Group. Inclusive, ele não mais omite que os mercenários dão suporte às forças armadas da Rússia, sobretudo na guerra em curso atualmente na Ucrânia.

“Eu mesmo limpei as armas antigas, separei os coletes à prova de balas e encontrei especialistas que poderiam me ajudar com isso. A partir desse momento, em 1º de maio de 2014, nasceu um grupo de patriotas, que mais tarde passou a ser chamado de Wagner Group. Estou orgulhoso por ter conseguido defender o direito deles de proteger os interesses do país”, disse o empresário em setembro.

Por que isso importa?

O nome do Wagner Group remete ao pseudônimo de um dos fundadores, o militar Dmitriy ‘Wagner’ Valeryevich Utkin, que por sua vez tomou como referência o compositor alemão favorito de Hitler e um dos símbolos da Alemanha nazista. Posteriormente, Prigozhin tornou-se responsável pelo financiamento da organização e passou a ser a cara mais conhecida à frente dela.

A atuação do Wagner sempre foi envolta em mistério, inclusive com alegações de que sequer existia. Porém, as inesperadas dificuldades enfrentadas por Moscou na guerra na Ucrânia levaram o Kremlin a buscar reforços, e os mercenários surgiram como alternativa. A ponto de o grupo ter o nome citado na TV estatal e de ter criado uma campanha para recrutar novos membros na Rússia.

Há indícios de que ao menos dez mil pessoas já serviram ao Wagner Group desde que ele deu as caras pela primeira vez. Foi em 2014, quando os mercenários foram destacados para dar suporte às forças separatistas pró-Rússia da região de Donbass e na Crimeia, na Ucrânia.

De lá para cá, há sinais de presença do grupo em conflitos em diversos países. Os mercenários são acusados de inúmeros crimes de guerra, e agora acredita-se que por volta de mil deles estejam em ação na guerra iniciada no dia 24 de fevereiro de 2022.

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