Autoridades dos EUA manifestam sintomas da ‘Síndrome de Havana’ na Alemanha

É a primeira vez que casos suspeitos da misteriosa anomalia são relatados em um estado membro da OTAN

Dois diplomatas dos Estados Unidos na Alemanha buscaram atendimento médico após manifestarem sintomas compatíveis com os da “Síndrome de Havana”, que consiste em uma alteração das funções cerebrais que gera dor de cabeça, enjoo, tontura e prejuízos à audição. É a primeira vez que casos suspeitos da misteriosa anomalia são relatados no país. A informação foi dada nesta quarta-feira (18) pelo jornal “The Wall Street Journal”.

A reportagem relata que incidentes parecidos já haviam sido registrados recentemente por autoridades norte-americanas em outros países da Europa, sobretudo na Áustria. Um relatório aponta que oficiais de inteligência e diplomatas acometidos pelo distúrbio trabalham com temas ligados à Rússia, entre eles segurança cibernética, exportação de gás e questões de interferência política.

Embaixada dos Estados Unidos em Berlim (Foto: Jörg Zägel/Wikimedia Commons)

Na quarta, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores alemão declarou em coletiva que sabia do ocorrido, mas não tinha mais informações.

Se confirmados os casos, será a primeira vez que sintomas da Síndrome de Havana são relatados em um estado membro da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que hospeda tropas americanas e armas nucleares.

Em julho, a revista norte-americana The New Yorker relatou mais de 20 casos envolvendo diplomatas, oficiais de inteligência e outros funcionários públicos em Viena, na Áustria. Um diplomata norte-americano em Berlim teria retornado mais cedo aos EUA devido aos sintomas, mas não é possível concluir ter se tratado da “Síndrome de Havana”.

Mais recentemente, casos têm surgido em diversas partes do mundo, com maior incidência na Europa e na Ásia. O problema atingiu sobretudo oficiais da CIA (Agência Central de Inteligência, da sigla em inglês), mas também foram reportados casos envolvendo funcionários do FBI (Serviço Federal de Investigação, da sigla em inglês) e dos Departamentos de Defesa e Estado.

Por que isso importa?

Os primeiros casos foram identificados em 2016, em Cuba, daí o nome “Síndrome de Havana”, sendo as vítimas diplomatas e outros funcionários de Washington que relataram os sintomas após ouvirem estranhos sons agudos e graves. Foram reportadas alterações auditivas, de equilíbrio e cognitivas, além de concussão.

Embora o caso ainda esteja cercado de incertezas e os cientistas não tenham uma posição conclusiva sobre a condição, um relatório das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA aponta que algumas das lesões cerebrais observadas eram consistentes com os efeitos da energia de microondas direcionada. O tema vem sendo estudado na Rússia.

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