Britânicos-iranianos deixam o Irã após cumprirem longas penas de prisão

Soltura ocorre após o governo britânico pagar a Teerã uma dívida de 400 milhões de libras anterior à Revolução Islâmica

Nazanin Zaghari-Ratcliffe, uma britânica-iraniana que estava detida no Irã desde 2016, e Anoosheh Ashoori, com a mesma dupla nacionalidade e também preso no país do Oriente Médio, foram libertados nesta quarta-feira (16) após serem submetidos a longas penas. Eles deixaram Teerã rumo ao Reino Unido no final da noite (horário local). Já Morad Tahbaz, iraniano-americano, foi solto da prisão em licença. As informações são da agência catari Al Jazeera.

A soltura foi confirmada pela secretária de Relações Exteriores britânica Liz Truss e pelo primeiro-ministro Boris Johnson. E ocorreu após a imprensa iraniana informar que o governo britânico havia pago a Teerã uma dívida pré-Revolução Islâmica de 400 milhões de libras (R$ 2,681 bilhões).

Pelo Twitter, Truss garantiu que os três “se reunirão com suas famílias ainda hoje”, escreveu a autoridade. “Continuaremos a trabalhar para garantir a saída de Morad do Irã”, acrescentou.

Presa desde 2016, Nazanin Zaghari-Ratcliffe fez uma foto de dentro do avião enquanto voltava para casa (Foto: Twitter/Reprodução)

Zaghari-Ratcliffe, gerente de projetos da Thomson Reuters Foundation, um braço de caridade da agência de notícias Thomson Reuters sediado em Londres, foi presa no Irã em 2016 acusada de espionagem. Ela foi levada em um aeroporto de Teerã em abril daquele ano, quando voltava para casa na capital do Reino Unido, acompanhada de sua filha pequena após visitar a família.

A britânica-iraniana foi condenada pela Justiça iraniana por espionagem, treinamento de jornalistas e conspiração contra o Estado teocrático do Irã. As acusações foram amplamente rechaçadas por Zaghari-Ratcliffe, familiares, a fundação que ela representa e o governo britânico.

A parlamentar trabalhista Tulip Siddiq compartilhou em seu Twitter uma foto de Zaghari-Ratcliffe voltando para casa. “Nazanin está agora no ar voando para longe de sei anos de inferno no Irã”, escreveu a política britânica.

Ashoori, acusado de espionagem para o Mossad, o serviço secreto do Estado de Israel, foi condenado a dez anos de prisão em 2019, mais dois anos por “adquirir riqueza ilegítima”, segundo o judiciário iraniano. A agência de notícias Fars, ligada ao governo local, diz que ele foi libertado condicionalmente “devido à sua idade e condição física”.

Já Morad Tahbaz, conservacionista da vida selvagem iraniano-americano que também tem nacionalidade britânica, foi levado sob custódia ao lado de outros ambientalistas em janeiro de 2018. Foi condenado a dez anos de detenção sob acusação de “conspirar com a América”.

Reino Unido nega ligação com dívida

O Reino Unido evitou relacionar as prisões de cidadãos com dupla nacionalidade no Irã à dívida, que teve origem em um pedido de tanques cancelado após a Revolução Islâmica de 1979. De acordo com Truss, as questões não tinham relação, e ela culpou as sanções ao Irã por atrasarem o pagamento.

“A dívida do IMS (Serviços Militares Internacionais) foi liquidada em total conformidade com as sanções do Reino Unido e internacionais e todas as obrigações legais”, declarou a autoridade em comunicado nesta quarta (16).

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