Cidadãos europeus são libertados pelo Irã e retornam para casa em troca de prisioneiros

Entre eles está o dinamarquês Thomas Kjems, detido em meio aos protestos após a morte de Mahsa Amini. Autoridades belgas dizem que ainda há 22 europeus nas prisões iranianas

Três europeus retornaram para casa no sábado (3), um dia após serem libertados pelo Irã em uma troca de prisioneiros. O governo iraniano afirmou que não havia motivo para mantê-los sob custódia, a menos que estivessem sendo “explorados” por serviços de segurança estrangeiros. As informações são da agência Reuters.

Os três homens são o cidadão dinamarquês Thomas Kjems e os austríaco-iranianos Kamran Ghaderi e Massud Mossaheb. Eles foram mandados de volta a seus países de origem como parte de uma troca com Teerã que envolveu a liberação do diplomata iraniano Asadollah Assadi.

Assadi foi condenado na Bélgica em 2021 por seu envolvimento em um atentado a bomba frustrado na França, recebendo uma sentença de 20 anos de prisão. No entanto, o Irã alegou que as acusações contra o diplomata foram fabricadas.

Prisão de Evin, em Teerã, onde são mantidos presos políticos (Foto: WikiCommons)

Após uma parada em Omã para exames médicos, os ex-prisioneiros foram levados para o aeroporto militar de Melsbroek, na Bélgica, o que foi crucial para assegurar sua libertação.

Eles chegaram por volta das 2h45 (horário local) e foram recebidos pelo ministro das Relações Exteriores da Bélgica, Hadja Lahbib, de acordo com a agência de notícias local Belga.

O cidadão dinamarquês Thomas Kjems embarcou em um voo para Copenhague e aterrissou por volta das 11h (horário local) no sábado. Ele estava detido desde 1º de novembro do ano passado na prisão de Evin, em Teerã, onde são mantidos presos políticos. Ele foi preso durante uma manifestação em prol dos direitos das mulheres após a morte de Mahsa Amini pela chamada “polícia da moralidade” do Irã, embora seu advogado afirme que ele não participou ativamente do evento, e que apenas “estava no local errado na hora errada”.

Em depoimento à imprensa, Kjems expressou sua experiência de altos e baixos. Ele afirmou: “Eu realmente não acreditei que isso fosse real, mas aconteceu. Estou na Dinamarca”.

Ao ser questionado sobre o período que passou em uma prisão iraniana, Kjems declarou: “Não houve tortura física nem nada do tipo. Recebi minha comida e bebida, entre outras coisas, mas quando sua liberdade é tirada de você, é nisso que você pensa”.

A troca ainda envolveu a libertação do cidadão belga Olivier Vandecasteele na semana passada, conforme anunciado por Bruxelas.

Vandecasteele, condenado por um tribunal iraniano, recebeu uma sentença de 40 anos de prisão, além de 74 chicotadas e uma multa de um milhão de dólares. A corte acreditava que ele estava envolvido em atividades de espionagem para um serviço de inteligência estrangeiro, bem como o acusou de ter conexões com esquema de lavagem de dinheiro.

“Nova página”

Pelo Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Áustria, Alexander Schallenberg, compartilhou fotos dos dois cidadãos austríacos chegando em Viena.

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, tuitou no sábado que manifestou a Lahbib sua esperança de que a libertação dos prisioneiros “abrisse uma nova página” nas relações do Irã com a Bélgica e a Europa.

“Se os cidadãos europeus não estiverem sendo explorados por serviços de segurança estrangeiros, não há razão para detê-los”, escreveu Amirabdollahian.

Devido a questões como o risco de prisões arbitrárias, muitos países ocidentais aconselharam seus cidadãos a não viajarem para o Irã.

Espionagem

Segundo informações do Ministério das Relações Exteriores da Áustria, Mosaheb e Ghaderi foram libertados após passarem 1.586 e 2.709 dias na prisão, respectivamente.

Mosaheb é co-presidente da Sociedade de Amizade Iraniana-Austríaca e foi condenado a 10 anos de prisão por acusações de espionagem. Por sua vez, Ghaderi é um empresário que também foi condenado a 10 anos de prisão pelo mesmo crime.

O Irã deteve diversas pessoas com dupla nacionalidade e estrangeiros ao longo dos últimos anos, acusando-os principalmente de espionagem e violações de segurança. Organizações de direitos humanos têm criticado essas prisões, alegando que elas são uma estratégia para obter concessões do exterior e que as acusações são falsas. O governo iraniano nega essas alegações.

Tags: