A Coreia do Norte reforçou seu apoio militar à Rússia na guerra contra a Ucrânia, enviando aproximadamente três mil soldados adicionais entre janeiro e fevereiro deste ano, segundo relatório das Forças Armadas da Coreia do Sul divulgado na quinta-feira (27). O país também tem fornecido mísseis, equipamentos de artilharia e munições para auxiliar Moscou, com a possibilidade de aumentar ainda mais o fornecimento de armas de acordo com o desenrolar do conflito. As informações são da agência Associated Press (AP).
De acordo com o Estado-Maior Conjunto sul-coreano, os equipamentos bélicos enviados incluem uma grande quantidade de mísseis balísticos de curto alcance, obuseiros autopropulsados de 170 milímetros e cerca de 220 lançadores múltiplos de foguetes de 240 milímetros.
Além disso, estima-se que a Coreia do Norte tenha enviado cerca de 11 mil militares para lutar ao lado da Rússia, sendo essa a sua maior participação em um conflito armado desde a Guerra da Coreia (1950-1953). Aproximadamente quatro mil desses soldados foram mortos ou feridos, segundo a avaliação das autoridades sul-coreanas.

O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul apontou que o elevado número de baixas entre os norte-coreanos se deve principalmente à dificuldade de adaptação às tecnologias modernas de guerra, como o uso de drones, além das táticas rudimentares dos comandantes russos, que enviam os soldados para operações sem oferecer suporte adequado de retaguarda.
“As dificuldades enfrentadas pelos soldados norte-coreanos são agravadas pela falta de apoio em combates complexos que exigem coordenação tecnológica”, afirmou um porta-voz da agência.
Aliança fortalecida
O relatório sul-coreano foi divulgado após o líder norte-coreano Kim Jong-un reafirmar seu apoio incondicional à Rússia durante um encontro com Sergei Shoigu, alto funcionário de segurança russo, em Pyongyang. Na ocasião, ambos os países reforçaram um importante tratado de defesa mútua firmado no ano passado. Além disso, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Andrei Rudenko, declarou à imprensa russa que está em discussão uma possível visita do líder norte-coreano a Moscou, embora sem especificar uma data.
Especialistas alertam que a cooperação militar entre Rússia e Coreia do Norte pode resultar em uma transferência de tecnologia russa para o regime de Kim, especialmente no que diz respeito a drones e inteligência artificial. A própria imprensa estatal norte-coreana relatou recentemente que o líder comunista supervisionou testes de drones de reconhecimento e ataque, enfatizando a necessidade de ampliar a produção desses dispositivos para fortalecer suas Forças Armadas.
Enquanto isso, autoridades sul-coreanas avaliam que a Coreia do Norte possivelmente modificou aeronaves existentes para criar drones de alerta antecipado utilizando componentes russos.
Apesar disso, o porta-voz do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, Lee Sung-joon, mostrou ceticismo quanto à real capacidade desses drones: “Como se pode ver, eles parecem bastante desajeitados e avaliamos que provavelmente são vulneráveis à interceptação”, comentou durante uma coletiva de imprensa.