Defensor do ‘voto inteligente’ pregado por Navalny é detido pelas autoridades russas

Nikita Ilyin defende o sistema de voto pregado pelo opositor para tentar derrotar o partido governista nas eleições parlamentares de setembro

Um apoiador do oposicionista russo Alexei Navalny foi detido pela polícia de São Petesburgo, a segunda maior cidade da Rússia, quando realizava um protesto solitário nas ruas, no último domingo (29). Nikita Ilyin diz que as autoridades o pressionaram para que fornecesse informações de aliados, segundo a Radio Free Europe.

No momento da detenção, Ilyin segurava um cartaz no qual defendia o sistema de “votação inteligente” pregado por Navalny, uma forma de combater o domínio político do partido Rússia Unida, alinhado com o presidente Vladimir Putin.

“Vamos expulsar o Rússia Unida da Duma (o Parlamento russo). Votação Inteligente”, dizia o cartaz erguido por Ilyin, que protestou sozinho a fim de driblar a legislação. Isso porque protestos coletivos exigem autorização do governo e podem enquadrar os manifestantes nas leis de combate à Covid-19, uma ferramenta bastante usada pelo Kremlin para combater a oposição.

Agentes da polícia de Moscou interrompem protesto em dezembro de 2011 (Foto: CEA+/Flickr)

Preso desde janeiro, Alexei Navalny pediu aos eleitores, por meio de seus advogados, que usem uma estratégia de votação tática nas eleições parlamentares do mês que vem.

De acordo com o oposicionista, o método pode ajudar a diminuir o domínio político do partido governista Rússia Unida, derrotando figuras ligadas a Putin no pleito parlamentar.

A campanha consiste em incentivar que os seguidores de Navalny apoiem o candidato que tiver a melhor chance de derrotar o Rússia Unida em suas regiões de votação.

Os aliados do opositor preso estão proibidos de participar das eleições de setembro, e a tendência é que os apoiadores de Putin vençam, apesar de uma visível queda nos índices de popularidade.

Casal preso

O Ministério Público da Rússia, na cidade de Chelyabinsk, pediu a condenação de um casal anarquista a seis anos de prisão, sob as acusações de hooliganismo e vandalismo, motivados por “ódio e inimizade”.

Dmitry Tsibukovsky e a mulher dele, Anastasia Safonova, foram detidos em fevereiro de 2018, diante de um prédio da FSB (Agência de Segurança Federal, da sigla em inglês), com um cartaz que dizia “FSB – Terrorista Principal”.

A manifestação era uma forma de prestar solidariedade a um grupo de ativistas presos sob a acusação de criarem uma “organização terrorista” denominada Set (Rede, em tradução livre), com células em Moscou, São Petersburgo, Penza e Omsk, bem como na vizinha Belarus.

Nove membros do grupo foram condenados a longas sentenças de prisão no ano passado, sob a acusação de “terrorismo”.

Por que isso importa?

Em 19 de setembro, a Rússia votará para escolher os membros da câmara baixa do parlamento russo, a Duma. Serão eleitos 39 parlamentares e nove governadores regionais.

Navalny espera reduzir a margem de vitória do Rússia Unida e causar um possível constrangimento em locais como Moscou e São Petersburgo, onde o sentimento anti-governista é mais evidente na população.

Na corrida para a votação, o Kremlin reprimiu figuras políticas da oposição e a mídia independente, enquanto a popularidade do Rússia Unida e de Putin diminuía em meio aos esforços para lidar com uma economia fragilizada pela pandemia e anos de contínuas sanções.

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