Jovens russos acusados de terrorismo em jogo online ganham liberdade provisória

Jovens de 15 anos planejavam explodir um escritório virtual de segurança estatal construído por eles no game Minecraft

Um tribunal na Sibéria suspendeu as penas preventivas impostas a dois adolescentes acusados ​​de terrorismo virtual em um caso polêmico que grupos de direitos humanos alegam ter motivação política, informou a Radio Free Europe. Embora libertados, os jovens de 15 anos irão a julgamento por coordenarem a explosão do prédio virtual da FSB (Agência de Segurança Federal, da sigla em inglês) russa criado dentro do jogo online Minecraft.

Pavel Chikov, da organização de defesa legal “Agora”, escreveu no app Telegram, nesta terça-feira (17), que o tribunal na cidade de Kansk cancelou a prisão preventiva de Denis Mikhailenko e a prisão domiciliar de Bogdan Andreyev, embora tenha mantido as acusações contra ambos. Eles serão julgados.

Para grupos de defesa dos direitos humanos, a acusação ligada ao jogo esconde a verdadeira motivação das prisões. Afinal, os adolescentes foram presos em dezembro de 2020 ao distribuírem panfletos que pediam a liberdade de um jovem matemático, Azat Miftakhov, preso em 2019 e condenado a seis anos de prisão sob acusação de vandalismo. A detenção de Miftakhov também é vista como politicamente motivada.

Minecraft: explosão de prédio virtual dentro do jogo virou caso de terrorismo (Foto: Wesley Fryer/Flickr)

Ao revistar os smartphones dos garotos, as autoridades constataram que eles estavam jogando Minecraft de forma online. No game, que emula construções, eles haviam erguido um prédio da FSB que planejavam explodir no jogo.

Além disso, os jovens supostamente teriam tramado atos terroristas em Kansk “para retaliar” a prisão de ativistas, entre eles supostos membros da organização chamada Set (Rede, em tradução literal), que as autoridades russas consideram terrorista.

Terrorismo inventado

Andreyev terá permissão para usar a Internet para terminar o 9º ano. Já Mikhailenko foi impedido de acessar a rede de computadores. Um terceiro suspeito no caso, Nikita Uvarov, está livre desde maio e concluiu o ano letivo, disse Chikov. Todos eles permanecem suspeitos no caso.

Em março, o Comitê de Investigação retirou a maioria das acusações contra os jovens siberianos, deixando uma única acusação contra eles: “passar por treinamento para conduzir atividades terroristas”. O Código Penal da Rússia prevê até 20 anos de prisão para indivíduos considerados culpados desse crime.

Os serviços de segurança russos têm sido criticados pelo que os militantes dos direitos humanos chamam de “invenções de casos de terrorismo”, criando uma atmosfera de medo entre os jovens que criticam o Kremlin.

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