A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, anunciou na quarta-feira (13) que o alistamento militar no país será estendido às mulheres, de forma a aumentar o número de reservistas à disposição de suas Forças Armadas. A medida, inédita, surge em um momento de tensão crescente na Escandinávia, com a recente adesão da Finlândia e da Suécia à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e o aumento da bipolarização geopolítica o global. As informações são da agência Associated Press (AP).
Além de inserir as mulheres no programa de recrutamento obrigatório, Frederiksen disse que o tempo de serviço será ampliado de quatro meses para 11. Assim, segundo ela, tendem a ser adicionados 300 novos reservistas ao sistema de formação básica.
Pelas regras atuais, todos os homens com 18 anos que sejam considerados aptos são convocados para o serviço militar, um sistema semelhante ao brasileiro. Entretanto, o número de voluntários é grande, e o foi estabelecido um sistema de loteria que desobriga muitos jovens de servir.
A Dinamarca tem cerca de nove mil soldados profissionais, entre homens e mulheres, além de 4,7 mil reservistas, somente homens. Com a adição das mulheres e o maior tempo de serviço, o objetivo do governo é chegar a cinco mil reservistas, garantindo assim um contingente que seria convocado em caso de guerra. O objetivo do governo é votar a nova lei em 2025 e implementá-la em 2026.
De acordo com a premiê, porém, a nova regra não significa que a Dinamarca esteja se preparando para um conflito iminente. “Não estamos nos rearmando porque queremos guerra. Estamos nos rearmando porque queremos evitá-la”, disse ela, acrescentando que seu governo trabalha para implantar no país a “total igualdade entre os sexos.”
A medida traz ao debate, inevitavelmente, a agressão da Rússia à Ucrânia e a constante apreensão de um conflito entre as tropas de Vladimir Putin e a Otan, da qual a Dinamarca é parte. Tanto que dois países vizinhos, Noruega e Suécia, igualmente membros da aliança, também incorporaram as mulheres às Forças Armadas, em 2013 e 2017, respectivamente
Questionado, o ministro das Relações Exteriores, Lars Lokke Rasmussen, tratou de separar as duas questões. “A Rússia não representa uma ameaça para a Dinamarca”, disse o chefe da diplomacia dinamarquesa. “Mas não chegaremos a um ponto em que eles possam fazer isso.”
Quem adotou uma abordagem menos comedida foi o ministro da Defesa Troels Lund Poulsen. Segundo ele, a situação na Europa “torna-se cada vez mais grave, e temos de ter isso em conta quando olhamos para a defesa futura.” Ele reforçou a manifestação da primeira-ministra sobre a igualdade entre os gêneros e afirmou que isso ajudaria o país a construir “uma defesa mais versátil e mais completa.”