Drones espiões russos sobrevoam maciçamente  Alemanha e abrem nova frente de tensão na Europa

O espaço aéreo alemão foi violado por drones espiões russos cerca de 100 vezes em 2024, principalmente na Renânia-Palatinado. Autoridades apontam para a intensificação da guerra híbrida da Rússia, que estaria se preparando para um conflito com a Otan

Nos últimos meses, a Alemanha tem enfrentado uma escalada preocupante de violações do seu espaço aéreo, atribuídas a drones de espionagem russos. Segundo o jornal alemão BILD, o número de incidentes aumentou drasticamente em 2024, evidenciando uma nova frente de tensão entre o Ocidente e a Rússia.

Um dos episódios mais recentes ocorreu no estado da Renânia-Palatinado, no sudoeste da Alemanha, pouco antes do Natal. Autoridades locais confirmaram que a incursão envolveu drones de grande porte e afetou diretamente instalações militares estratégicas.

Prédio do Bundestag, parlamento da República Federal da Alemanha (Foto: Jorge Royan/Wikimedia Commons)

De acordo com informações fornecidas por um porta-voz do Ministério do Interior do estado, somente na Renânia-Palatinado cerca de 100 incidentes foram registrados ao longo de 2024. “Estamos observando um crescimento significativo no uso de grandes drones para espionagem de áreas sensíveis, o que, presumivelmente, faz parte da estratégia de guerra híbrida conduzida pela Rússia”, afirmou o ministério em um comunicado oficial.

O uso de drones espiões está sendo interpretado como parte de uma estratégia de guerra híbrida por parte da Rússia, caracterizada pelo uso de tecnologias modernas e táticas não convencionais para obter vantagens estratégicas. Essa postura intensifica as tensões entre a Rússia e os países membros da OTAN, à medida que relatos sobre atividades militares russas tornam-se cada vez mais frequentes.

Em 28 de novembro, Bruno Kahl, chefe da agência de inteligência estrangeira da Alemanha (BND), afirmou durante uma reunião no Conselho Alemão de Relações Exteriores (DGAP) que a Rússia está ativamente se preparando para um conflito militar com a OTAN nos próximos cinco anos. “A Rússia está se preparando para uma guerra com o Ocidente”, alertou Kahl, chamando atenção para o contexto de reestruturação das forças armadas russas – a maior desde 2008 – e os pesados investimentos em sistemas de armas avançados.

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