Em novo capítulo na crise energética da Europa, Áustria fica sem gás russo

Viena afirmou que pode lidar com a perda do gás russo usando reservas e fontes alternativas. A Áustria era um dos três países da UE que ainda recebiam gás da Rússia

A Rússia anunciou que suspenderá suas entregas de gás natural para a Áustria neste fim de semana, em um movimento que marca uma nova escalada na crise energética europeia. A decisão foi confirmada pela OMV, maior fornecedora de energia do país, na sexta-feira (15), quando informou que a estatal russa Gazprom interromperia o fornecimento a partir de sábado (16). As informações são da Deutsche Welle.

Embora o corte de fornecimento tenha causado preocupação em diversos setores da economia, a OMV tranquilizou a população, destacando que a Áustria já estava se preparando para essa eventualidade. A empresa austríaca afirmou que o país seguirá recebendo gás por meio de importações de outros fornecedores, como Alemanha, Itália e Holanda, minimizando o impacto imediato da interrupção.

Em uma declaração pública, o chanceler austríaco, Karl Nehammer, garantiu que o abastecimento de energia da Áustria está seguro. “Nossas instalações de armazenamento de gás estão cheias e temos capacidade suficiente para obter gás de outras regiões”, afirmou Nehammer, sublinhando que “ninguém vai congelar”. O governo austríaco também destacou que o país tem acesso a fontes alternativas de combustível, assegurando a continuidade do fornecimento para indústrias e residências.

Estatal russa Gazprom (Foto: Gazprom/Reprodução Twitter)

A suspensão do gás russo acontece em um contexto de crescente tensão política entre Moscou e as nações europeias, exacerbada pela guerra na Ucrânia e as sanções impostas à Rússia. O corte no fornecimento para a Áustria reflete as dificuldades enfrentadas pela União Europeia (UE) em garantir uma fonte estável de energia, enquanto tenta reduzir a dependência do gás russo e buscar alternativas para manter os preços e a oferta sob controle.

A relação energética entre a Áustria e a Rússia, que remonta à época da Guerra Fria, sofreu um abalo recente. A Áustria, um dos primeiros países da Europa Ocidental a importar gás da União Soviética em 1968, teve seu fornecimento de gás russo interrompido após uma decisão da Câmara de Comércio Internacional.

O tribunal arbitral determinou que OMV deveria receber cerca de 230 milhões de euros (US$ 242 milhões) da russa Gazprom devido a uma disputa contratual. Em resposta, a OMV anunciou que suspenderia os pagamentos à Gazprom até que a empresa russa fornecesse uma quantidade de gás equivalente ao valor devido.

Essa situação agrava a dependência da Áustria do gás russo, que em dezembro de 2023 representava cerca de 98% de suas importações de gás natural, conforme destacou a ministra da Energia, Leonore Gewessler.

Desde o início da guerra na Ucrânia, Áustria, Eslováquia e Hungria foram os únicos países europeus a continuar importando gás russo via um gasoduto que atravessa a Ucrânia. Contudo, a Ucrânia informou que suspenderá esse trânsito de gás a partir de 1º de janeiro de 2025, forçando esses países a buscar novos fornecedores.

Apesar dessa decisão, o chanceler austríaco Nehammer afirmou que a Áustria manterá sua política em relação à Ucrânia, rejeitando qualquer pressão da Gazprom, que ele acusa de usar falhas no fornecimento como forma de retaliação pelas sanções da UE contra a Rússia.

Tags: