A poucos dias da próxima cúpula da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que ocorrerá entre 11 e 12 de julho na Lituânia, a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, defendeu a adesão da Ucrânia à aliança militar. Em entrevista ao jornal Financial Times, ela disse que esta é “a única garantia de segurança que realmente funciona e é muito mais barata que qualquer outra coisa.”
A questão de oferecer a Kiev um caminho pós-guerra para a adesão gera divisão na Otan, conforme Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia (UE) mantêm seus atuais compromissos de segurança com Kiev, no intuito de ajudar o país a se defender sem necessariamente ingressar na aliança.
Kallas disse que é preciso adotar medidas “práticas e concretas” em direção à adesão ucraniana. Segundo ela, “falar sobre garantias de segurança”, como vem sendo feito pela aliança militar ultimamente, “acaba confundindo a situação.”
Alguns aliados na Europa solicitam uma proposta clara para Kiev, que inclua um processo de adesão simplificado. Outros preferem garantias de segurança a longo prazo para dissuadir qualquer agressão futura da Rússia, em vez de um convite explícito em meio à guerra.
A França expressou disposição para oferecer essas garantias, que envolvem sobretudo o compromisso de fornecer armamentos, auxílio financeiro e programas de treinamento no futuro.
No entanto, Kallas argumenta que isso é apenas uma continuação do que os Estados-Membros já estão fazendo e não oferece garantias adicionais à Ucrânia. “A guerra não estará lá quando a dissuasão for crível”, disse a primeira-ministra.
A Otan concordou em 2008 que receberia a Ucrânia na aliança, mas não estabeleceu prazo para finalizar o processo. O que existe atualmente é uma divisão entre os membros. Enquanto nações do leste europeu defendem o ingresso ucraniano, um grupo liderado por Estados Unidos e Alemanha está hesitante.
Na visão de Kallas, alguns países estão relutantes devido ao temor em relação ao arsenal nuclear russo. Diante de tal cenário, a líder estoniana fez um apelo aos parceiros para que ignorem as “ameaças terroristas” vindas de Moscou.
“Essas ameaças são para nos intimidar. A definição de terrorismo é nos deixar com medo para que nos abstenhamos das decisões que de outra forma tomaríamos. E é isso que eles estão tentando fazer”, disse ela.