Os navios que transitam pelo Mar Báltico podem ser obrigados a pagar uma taxa para custear a proteção de cabos submarinos de energia e comunicação, afirmou o ministro da Defesa da Estônia, Hanno Pevkur, na quarta-feira (29). A proposta surge após uma série de danos à infraestrutura subaquática da região, levantando suspeitas de sabotagem. As informações são da agência Reuters.
Na semana passada, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) anunciou o envio de fragatas, aeronaves de patrulha e drones para reforçar a segurança no Báltico, um dos corredores marítimos mais movimentados do mundo. A decisão foi tomada após incidentes em que embarcações danificaram cabos essenciais com suas âncoras, em ações que podem ter sido deliberadas.
Além da patrulha reforçada, países da região avaliam outras estratégias de proteção, como a instalação de sensores para detectar âncoras arrastadas no fundo do mar ou até mesmo a construção de estruturas de proteção em torno dos cabos. Segundo Pevkur, essas medidas representam um custo elevado, que pode recair sobre os governos, operadores de cabos ou, indiretamente, os consumidores, por meio de impostos ou tarifas mais altas.

Uma alternativa para financiar essas ações seria a imposição de uma taxa sobre as embarcações que cruzam o mar Báltico, que faz fronteira com oito países da Otan e a Rússia.
“Quando você vai ao aeroporto, há taxas de pouso e outras tarifas incluídas no preço do bilhete”, explicou Pevkur durante uma visita a Tóquio. “Talvez, em algum momento, veremos que ao passar pelo estreito dinamarquês haverá um custo para as empresas, funcionando como uma espécie de seguro contra danos aos cabos.”
O ministro ressaltou que diversas opções estão sendo avaliadas e que será necessário um consenso entre os países da região para definir a melhor abordagem.
De acordo com o Comitê Internacional de Proteção de Cabos, do Reino Unido, cerca de 150 cabos submarinos são danificados globalmente a cada ano. No caso do mar Báltico, que tem águas rasas e recebe um tráfego intenso de até quatro mil navios por dia, a vulnerabilidade é ainda maior.
Na segunda-feira (27), autoridades suecas apreenderam um navio com bandeira de Malta sob suspeita de envolvimento no dano a um cabo que liga a Letônia à Suécia. O episódio faz parte de uma série de quatro incidentes semelhantes ocorridos no último ano, atingindo também linhas de energia e telecomunicações entre Estônia e Finlândia.
Embora as investigações ainda estejam em andamento, Pevkur afirmou que há indícios de que os ataques tenham sido coordenados por embarcações ligadas à chamada “frota sombra” da Rússia. “Quando vemos que todos esses navios fazem parte da frota sombra da Rússia, apesar de estarem sob diferentes bandeiras… então, claro, precisamos ligar os pontos”, disse.
Moscou, por sua vez, negou qualquer envolvimento e acusou os países ocidentais de fazerem declarações sem provas sobre sua responsabilidade nos incidentes.