Autoridades da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) manifestaram preocupação com a série de supostas sabotagem a cabos submarinos e oleodutos que conectam nove países na região do Mar Báltico. Desde outubro de 2023, pelo menos 11 incidentes foram relatados, incluindo danos mais recentes identificados por um avião de vigilância da Marinha francesa nesta semana, segundo a revista Newsweek.
Essas infraestruturas submersas, que somam mais de 1,2 bilhão de quilômetros ao redor do mundo, transportam 97% das comunicações globais, incluindo transações financeiras críticas. O impacto de danos a esses cabos pode ser severo, com implicações significativas para a economia e a segurança globais.
Embora a Otan não tenha atribuído as ações diretamente à Rússia, cresce a suspeita de que Moscou esteja por trás dos incidentes. Especialistas acreditam que a estratégia faz parte de uma guerra híbrida destinada a desestabilizar os países europeus que apoiam a Ucrânia.

O recente aumento de incidentes no Báltico levou a Otan a intensificar sua presença na região, com a missão Baltic Sentry. O avião Atlantique 2 da Marinha francesa, por exemplo, está monitorando atividades marítimas suspeitas.
“Se testemunharmos atividades suspeitas, como navios a baixa velocidade ou ancorados em locais inadequados, isso é algo que podemos observar”, explicou o comandante de voo, tenente Alban.
Entre as infraestruturas críticas da região estão o gasoduto Balticconnector, que liga Finlândia e Estônia, e o cabo de alta tensão Baltic Cable, conectando Suécia e Alemanha. A ruptura mais recente, ocorrida no domingo (26), atingiu um cabo de fibra óptica entre a Letônia e a ilha sueca de Gotland.
Autoridades também estão investigando o possível envolvimento do petroleiro Eagle S, suspeito de ter causado danos ao cabo Estlink 2 ao arrastar sua âncora pelo leito marinho. Esse navio, apontado como parte da “frota sombra” da Rússia, foi detido pela polícia finlandesa em dezembro.
Apesar das suspeitas, há quem atribua os incidentes a falhas mecânicas ou problemas de manutenção de embarcações. Alguns especialistas alertam que, embora a frequência seja incomum, o dano pode ter causas acidentais.
Para o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, a situação é motivo de “grave preocupação”. Ele reforçou o compromisso da aliança em proteger essas infraestruturas e evitar novos ataques. “Faremos tudo ao nosso alcance para entender o que está acontecendo e tomar as medidas necessárias para que não volte a ocorrer”, afirmou em janeiro, durante o anúncio da missão Baltic Sentry.
Enquanto investigações continuam, a Otan se prepara para reforçar sua capacidade de dissuasão e enviar um recado claro aos possíveis responsáveis: a proteção da infraestrutura submarina no Báltico é prioridade para garantir a estabilidade energética e de comunicação na Europa.