Forças Armadas de Belarus integram manobras russas com armamento nuclear

Segundo o Ministério da Defesa belarusso, os exercícios visam a aumentar a prontidão para usar armas de retaliação

Belarus anunciou nesta segunda-feira (10) que seu exército está envolvido na segunda fase dos exercícios russos ordenados pelo presidente Vladimir Putin para praticar o uso de armas nucleares táticas. Aliado de primeira ordem de Moscou, o país faz fronteira com três membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte): PolôniaLetônia e Lituânia. As informações são da agência Reuters.

A primeira etapa desses exercícios ocorreu no sul da Rússia no mês passado, sendo interpretada por analistas nucleares como um recado de Putin ao Ocidente para não se envolver mais na guerra na Ucrânia.

O ministro da Defesa de Belarus, tenente-general Viktor Khrenin, afirmou que os exercícios são uma medida preventiva para “aumentar nossa prontidão no uso das chamadas armas de retaliação.”

O ministro da Defesa belarusso, Viktor Khrenin (à esquerda), cumprimenta o homólogo russo Sergei Shoigu, imagem de 2021 (Foto: WikiCommons)

Khrenin acrescentou que Minsk está mais determinada do que nunca a responder a quaisquer ameaças contra Belarus e o Estado da União com a Rússia.

A autoridade não revelou onde os exercícios estavam ocorrendo ou quais tipos de armas estavam sendo utilizadas. “Somos um Estado pacífico, não ameaçamos nem buscamos confronto com ninguém, mas manteremos nossa prontidão militar”, declarou.

No ano passado, Putin e o líder belarusso Alexander Lukashenko anunciaram que a Rússia estava transferindo algumas de suas armas nucleares táticas para Minsk. Essas ogivas são projetadas para uso em batalhas, ao contrário das armas estratégicas de longo alcance, destinadas a destruir cidades inteiras.

A presença de armas nucleares táticas em Belarus, que compartilha uma fronteira de 1.084 quilômetros com a Ucrânia, simplificaria o acesso de aeronaves e mísseis russos a alvos potenciais na área se Moscou decidisse empregá-los. Adicionalmente, isso também reforçaria a capacidade da Rússia de atacar vários aliados da Otan na Europa Oriental e Central.

Alguns analistas ocidentais acreditam que as armas nucleares táticas se tornaram mais importantes para Moscou desde o início da guerra na Ucrânia, devido às dificuldades enfrentadas por suas forças convencionais nos primeiros dois anos do conflito.

“Não temos a intenção de criar tensão em questões de segurança regional. Não projetamos ameaças militares significativas a outros países ou a qualquer outra entidade”, disse Khrenin, acrescentando que, apesar desse posicionamento, Minsk manterá a “prontidão militar”.

Ainda segundo o ministro, esses exercícios são uma resposta às “fracassadas tentativas de revolução colorida (uma série de movimentos de protesto e mudanças de regime em vários países da antiga União Soviética e dos Bálcãs durante os anos 2000) em Belarus” e às “sanções econômicas” do Ocidente.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou no mês passado que esperava que os exercícios militares acalmassem as tensões nas capitais ocidentais, após Emmanuel Macron sugerir enviar tropas europeias para a Ucrânia e David Cameron apoiar o uso de armas britânicas por Kiev contra alvos na Rússia.

Em janeiro, Belarus anunciou que havia modificado sua doutrina militar, permitindo pela primeira vez o uso de armas nucleares. A decisão, ocorrida meses após o país concordar em abrigar armas nucleares táticas de Putin, disparou alarmes em toda a Europa.

A alteração no manual também ampliou a preocupação internacional, especialmente devido à proximidade de Belarus com Polônia, Letônia e Lituânia, desencadeando uma controvérsia regional.

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